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Sons da Perifa - Jairo Malta
Jairo Malta

Confirmado no Turá, MC Hariel diz que o funk ainda luta por espaço nos festivais

Em entrevista, funkeiro comenta crescente presença da voz das favelas na música brasileira

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São Paulo

MC Hariel, de 25 anos, tem muitos motivos para comemorar. Filho de um músico rebelde do grupo Raíces de América, que fez parte da geração rebelde dos anos 1970, Hariel gosta de "fazer brisa" enquanto cria os versos que o colocaram em um lugar especial no mundo do funk. Ele é um dos funkeiros mais ouvidos do país e, constantemente, flerta com o rap. O cantor é um dos poucos do gênero que sobe em palcos de festivais como o Rock in Rio, em 2022, e o Turá, evento que acontecerá nos dias 24 e 25 de junho de 2023, na área externa do Auditório Ibirapuera, no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

MC Hariel é confirmado no Festival Turá
MC Hariel é confirmado no Festival Turá - Divulgação

Embora tenha explodido aos 16 anos como um MC prodígio, ele já é uma referência e fala como um veterano. Em sua quebrada, a Vila Aurora, na Zona Norte de São Paulo, ele abriu um salão de cabeleireiro e um selo musical, o Xaolin Records. MC Hariel é um exemplo de sucesso e empreendedorismo, que continua a inspirar seus fãs e admiradores.

"Estar envolvido hoje em um festival que tenha outros ritmos e não só rap ou funk para mim é a vitória de um paradigma", afirma Hariel. O cantor ainda diz que, por muito tempo, ouviu nos bastidores da música que o funk não tem longevidade. "Minha carreira contesta isso. Estou na estrada há bastante tempo e com relevância. Por isso, estou abrindo espaço para o funk nesses lugares".

Quando o assunto é Anitta e Ludmilla, artistas que ganharam projeção pelo funk, mas que hoje ocupam espaço no pop nacional, Hariel é categórico em dizer que as artistas pouco fizeram pelo ritmo. "Acho que todos esses MCs para fazerem sucesso deixaram o funk de lado, desde Nego do Borel e Anitta. Sou muito fã da Ludmilla, respeito muito eles, mas para ocupar espaço, eles preferiram deixar o funk de lado e migrar para o pop", afirma Hariel.

O cantor ainda comenta que quer ocupar espaço com o funk. "Não quero me ver no mainstream. Não gosto de ser visto do lado dessa rapaziada, apesar de eu respeitar o trampo deles, acho que o trabalho no funk tem que ser mais de base. A evolução no funk tem que ser do nosso jeito. Não adianta eu chegar lá e tirar o MC do nome, fazer dancinha para ser aceito nesse universo. Não quero agradar ninguém para ser aceito em lugar nenhum".

Durante a adolescência, Hariel trabalhou como entregador de pizzas e vendedor de cartões até que, em 2014, quando tinha apenas 17 anos, teve seu primeiro sucesso enquanto artista: a canção "Passei Sorrindo", que até recebeu um clipe do produtor KondZilla no ano seguinte.

Uma história de superação levou o cantor a ganhar o apelido de Haridade por ser um dos poucos funkeiros dos anos 2010 que se mantiveram com relevância na cena. "A gente trabalhou muito para chegar aqui, por isso precisamos nos manter nesse espaço até sermos aceitos pelo que fazemos".

O cantor ainda comenta que a presença da voz das favelas é mais perceptível atualmente. Há comunidade está conquistando mais espaço, porém, ao sair pelas ruas, percebe que a realidade permanece inalterada.

"Educação e saúde de qualidade ainda afeta muitas pessoas, que também não têm acesso a atividades de lazer. Os frequentadores de bailes funk, por exemplo, frequentemente sofrem violência policial", comenta o MC que diz ter sido frequentador de bailes até 2011.

Hariel ainda diz que enquanto algumas pessoas conseguem comprar luxos como iPhone, carro e casa, muitos amigos ainda usam telefones antigos e não possuem um Playstation 5. Embora o mundo este em constante evolução, a realidade para aqueles que vivem em condições precárias continua a mesma.

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