Sylvia Colombo

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Descrição de chapéu América Latina

Montagem cria novo hit de Celia Cruz no calor dos protestos em Cuba

Cantora e dançarina, que viveu e morreu no exílio, junta-se a coro de artistas que se manifestam

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Buenos Aires

Durante os protestos de 11 de julho de 2021, em Havana, contra a ditadura cubana, tiveram muito destaque os artistas jovens, como escritores do grupo San Isidro, os rappers que lançaram o hit "Patria y Vida" ou dramaturgos como o líder do grupo Archipiélago, Yunior García, hoje exilado na Espanha.

Mas não é apenas ao ritmo dos jovens que o hoje adormecido movimento se inspira. Desde o exílio, por exemplo, em Miami, o músico Pavel Urkiza lançou um clipe com uma canção montada a partir das entrevistas da famosa cantora e dançarina Celia Cruz, exilada logo após a Revolução (1959) e que nunca pôde cumprir seu sonho de voltar a Cuba antes de morrer. Perseguida e proibida pelo regime, fez carreira internacional, e morreu em 2003, em Nova Jersey, nos EUA.

"Celia nunca compôs letras, mas suas e

A cantora cubana Célia Cruz no Jackie Gleason Theater, em Miami (EUA)
A cantora cubana Célia Cruz no Jackie Gleason Theater, em Miami (EUA) - Paulo Giandalia/Folhapress

ntrevistas são muito ricas. Decidimos ouvir a maioria delas de que se tem registro, buscando principalmente suas frases sobre seu amor a Cuba e a liberdade", diz Urkiza, em entrevista à Folha, por videoconferência. O resultado é "La Bandera que Canta", que viralizou entre cubanos exilados nas redes e nas rádios.

O representante do acervo das obras de Celia Cruz, Omer Pardillo-Cid, afirma que "o legado de Celia está hoje mais vigente do que nunca, e sua voz ainda é a voz de um povo, de sua gente, de sua Cuba, e continuará sendo, hoje, amanhã e sempre".

Entre os trechos que "canta" no novo hit estão frases que se dialogam diretamente com o presente da ilha. "Me sinto muito triste de não poder ir à minha pátria, me encantaria pode fazer isso algum dia, mas estou feliz de pode representar minha terra, com a bandeira cubana bem no alto, que ninguém poderá derrubar". Ou: "Não me esqueço de minha terra, não me esqueço de minha gente, tento recordar a Cuba que eu deixei. Quem sou eu, a bandeira que canta?"

Para o ano que vem, quando se completam 20 anos de sua morte, outras homenagens, livros e gravações estão sendo preparadas.

Celia Cruz (1925-2003) já atuava em Cuba desde os anos 1940 e 1950, como cantora de cabaret, no teatro e na TV. Foi se interessando mais pela música, sendo uma das primeiras a gravar peças comerciais com a música yoruba local, antes de ficar conhecida como a rainha da salsa, levando o gênero a ser conhecido e amado em outros países.

Logo depois da Revolução de 1959, Celia Cruz abandonou a ilha. Mas a mantinha no coração. Assim como o escritor Guillermo Cabrera Infante, que se exilou em Londres, nunca pôde cumprir o desejo de voltar.

Ambos acabaram sendo uma espécie de embaixadores informais da arte cubana de qualidade no exílio. Agora, porém, por obra de Urkiza, Celia Cruz volta a ser escutada nas rádios de Miami, marcada pela expressão que virou sua marca: "Açúcar!".

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