Tinto ou Branco

Tudo que você sempre quis saber sobre vinho, mas tinha medo de perguntar

Tinto ou Branco - Tânia Nogueira
Tânia Nogueira

Feira de negócios transforma São Paulo em capital do vinho

Atraindo profissionais do mundo todo, ProWine mostra força do mercado brasileiro

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Esta semana, São Paulo está no centro das atenções do mercado mundial de vinhos. A ProWine São Paulo, que acontece de 3 a 5 de outubro, no Expo Center Norte, com uma área 32% maior do que a de 2022, é uma prova de que o Brasil está recuperando significância no mercado internacional de vinhos. A feira é só para profissionais, mas há eventos paralelos acontecendo na cidade, como a Semana Adega, abertos ao consumidor.

Apesar de o brasileiro consumir em média menos de 3 litros de vinho por ano, enquanto o português consome 67,5 e o argentino 23,8, o país é visto como um mercado importante pelos produtores e negociantes da bebida no mundo todo. Afinal, três vezes 203 milhões é igual a um mercado de mais de 600 milhões de litros ou 6 milhões de hectolitros por ano – quase, porque são quase 3 litros por pessoa.

taça de vinho com pavilhão de exposições ao fundo
A maior feira de vinhos nas Américas, ProWine recupera clima de euforia dos melhores tempos da Expovinis, mas é só para profissionais - arquivo pessoal/@tinto_ou_branco

Isso é pouco perto dos 34 milhões de hectolitros que os Estados Unidos consomem, por exemplo, mas está longe de ser insignificante. Tanto que, durante o ano inteiro, são frequentes ações de promoção para o público profissional, como visitas de produtores e executivos, masterclasses, pequenas feiras patrocinadas por um país ou região.

No início da década passada, antes da crise de credibilidade pela qual passamos, o mercado internacional apostava ainda mais no Brasil. Houve, por exemplo, um encontro promovido pela Union de Grands Crus de Bordeaux no hotel Grand Hyatt São Paulo em 2011, com 136 châteaux presentes. Todos grands crus, todos vinhos caríssimos, entre eles nomes ultra famosos como Château Angélus, Château Pape Clément, Château Figeac e Château Lynch-Bages. Juro que foi difícil ter de cuspir esses vinhos (profissionais cospem o vinho em feiras para não ficarem bêbados)!

Outro sinal forte da pujança do mercado nacional era a Expovinis, uma feira de negócios enorme que acontecia todos os anos e já estava inserida no calendário internacional de feiras de vinhos, mas que, por problemas internos, acabou fechando as portas em 2018. Veio, então, um período de indefinições e, em seguida, a pandemia. Agora o cenário parece estar voltando a ser positivo. O sucesso da ProWine é prova disso.

A ProWine é uma feira voltada exclusivamente para o público profissional. Não tem venda de ingressos. Está em sua quarta edição. Começou em 2019 como ProVino, a partir uma sociedade formada pelo Inner Group, que publica entre outros a Revista Adega e o Guia Descorchados, e a Emme Brasil, representante nacional da Messe Düsseldorf, a maior organizadora de feiras profissionais do mundo, entre elas a feira de vinhos alemã ProWein.

corredor dom pavilhão de exposições
A ProWine São Paulo de 2022 já mostrava sinais de força - divulgação

A ideia dos sócios da ProVino, de início, já era uma sociedade com a Messe Düsseldorf. "Na primeira edição, eu e a Malu Sevieri, da Emme Brasil, fizemos tudo para mostrar para os alemães que tínhamos capacidade de organizar uma grande feira", conta Christian Burgos, CEO do Inner Group. "Combinamos que gastaríamos 500 mil reais a mais do que conseguíssemos arrecadar. Montamos tudo dentro dos padrões da ProWein. Eles já tinham manifestado interesse. Vieram ver a feira de 2019 e, durante o próprio evento, fechamos negócio. Eles compraram a participação majoritária." O Brasil ficou com a parte operacional e a Alemanha colocou sua rede de representantes no mundo para vender e divulgar o produto.

Tudo parecia lindo até o malfadado 2020. Com a pandemia, não teve feira, mas os sócios tiveram gastos. Além de bancar funcionários e estrutura fixa, tiveram gastos extras para ficar a postos, pois a expectativa era que o evento pudesse acontecer a qualquer momento. Não rolou.

Em 2021, já como ProWine, a feira foi a primeira de vinhos no mundo a voltar a acontecer. "Criamos um sistema de protocolo de segurança que se tornou modelo para o setor no mundo", diz Burgos. Em 2022, a feira aconteceu já sem tantas restrições, inclusive com viagens internacionais já completamente liberadas. Foram 6 mil visitantes. Ainda carregava, no entanto, os prejuízos de 2020. Agora é como se estivesse recomeçando.

Este ano, a área comercializada cresceu 32%, chegando aos 15 mil metros quadrados . "Não sobrou nada de espaço para fazer cortesia para parceiros", diz Burgos. "Para vocês terem uma ideia, a minha revista ficou sem estande. No ano que vem, vamos para um espaço ainda maior."

São mais de 900 expositores de todo o mundo. Cerca de 100 do próprio Brasil, com produtores de vinho, associações de produtores, importadores, etc. Entre os estrangeiros, alguns países, como a Itália, ou regiões, como a portuguesa dos Vinhos Verdes, mandaram grandes delegações. Além dos países tradicionais, este ano a feira vai apresentar vinhos de lugares como Irlanda, Grécia, Israel, Peru, Turquia, Moldávia e Líbano. Vêm compradores principalmente da América Latina, mas também da África, Rússia, países que têm dificuldades de vistos para Estados Unidos e Europa.

Qual o volume de negócios esperado? "Não sei dizer", afirma Burgos. "Eu não invento números. O que eu posso dizer é que é a maior feira de negócios das Américas, maior inclusive do que a Vinexpo New York. E isso é a materialização da profissionalização do nosso mercado."

Para você, que não é profissional, a boa notícia é que muitos desses produtores estrangeiros que estão pela cidade participam de eventos paralelos, como o Decanter Wine Day, que aconteceu no dia 2, ou a Semana Adega, que vai de 2 a 8 de outubro. Patrocinado pelo cartão BRB Adega, o evento promove jantares harmonizados em 22 restaurantes da cidade, alguns deles com a presença do próprio produtor. Veja a programação no site do evento.

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