Tinto ou Branco

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Tinto ou Branco - Tânia Nogueira
Tânia Nogueira

Trem do Pampa leva turista para vinícola

No caminho, visitante ouve música tradicional e toma vinho

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Santana do Livramento

O Trem do Pampa, dedicado a incrementar o enoturismo na região da Campanha Gaúcha, começou a operar neste sábado (20), em Santana do Livramento, fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. O trem faz um percurso de 20 km, ligando a estação de Santana do Livramento, na cidade, à estação de Palomas, que fica quase em frente à Vinícola Almadén. Esses 20 km são percorridos em cerca de uma hora por um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) novinho em folha. O passeio custa R$ 135,00 por pessoa.

Durante o caminho, são servidos vinhos da Almadén e há show de música tradicional gaúcha e uruguaia. Operado pela Giordani Turismo, agência de turismo da região da Serra Gaúcha, que por lá opera a Maria Fumaça programa inclui também uma visita à vinícola com degustação de três rótulos. A volta é de ônibus e dura cerca de 15 minutos. O turista pode também optar por ir de ônibus e voltar de trem. Estive lá no sábado anterior (13) para a inauguração oficial e para conhecer o passeio e, depois, contar tudo para vocês.

trem em meio a vinhedos numa planice
VLT cruza vinhedos na Campanha Gaúcha. Ao fundo, o Cerro Paloma, formação rochosa típica do local - Flow Films

A Almaden Vineyards nasceu na Califórnia, nos Estados Unidos, em 1852. Foi uma das primeiras vinícolas americanas e existe até hoje. Nos anos 1970, a empresa era uma potência e sua direção decidiu expandir os negócios para além das fronteiras dos EUA. Baseados em uma pesquisa da Universidade de Davis, também da Califórnia, que apontava a Campanha Gaúcha como um dos terroirs mais propícios ao cultivo de uvas viníferas no novo mundo, compraram uma fazenda de mais de mil hectares em Santana do Livramento em 1973. Em 1984, a marca foi lançada no Brasil com muito sucesso. Lembro bem. Meu pai, que era leitor do Saul Galvão, logo foi atrás.

Em 2002, o vinhedo, as instalações industriais e o direito do uso da marca foram vendidos para a Pernod Ricard e, em 2009, para o brasileiro Grupo Miolo. Esses últimos souberam tirar bom proveito de tamanho patrimônio. É preciso entender que o terroir ali permite a produção de uvas da maior qualidade, tanto que é dali que sai, por exemplo, o Tannat Vinhas Velhas. Porém, permite também a produção de uvas em larga escala e o uso de mecanização tanto na colheita quanto na poda. Daí os vinhos varietais da marca custarem apenas R$ 33,90. Sugiro que você prove o tinto tannat, que é a uva típica da região, e o branco riesling itálico, que está fresco e delicado.

O passeio pela vinícola é bem bacana. Em 2022, foi inaugurado o complexo enoturístico, com sala de degustação, deck panorâmico e um free shop, onde é possível comprar vinhos de todo o Grupo Miolo sem impostos. O Lote 43, por exemplo, que no site da Miolo está por R$ 259,90, no free shop está por R$ 166,00.

Embora a Miolo seja parceira da Giordani na criação do roteiro e dos dois vagões do Trem do Pampa, o Tannat e o Cabernet, como foram denominados, nada impede que outras vinícolas se associem para oferecer também. Tanto a Nova Aliança quanto a Cordilheira de Sant'Ana ficam próximas à estação Palomas. "Espero que, agora, com o trem, o enoturismo deslanche na região", diz Adriano Miolo, superintendente do grupo Miolo.

É bom lembrar que a região é destino de compras, já que Rivera é cheia de free shops. Há muitos turistas que chegam de ônibus para fazer compras no lado uruguaio. "Ele compra importados do lado uruguaio, mas gasta em restaurantes, farmácias e até hotéis no lado brasileiro", diz Sandra Pontes, secretária de cultura e turismo de Santana do Livramento. "O nosso desafio é segurar esse turista mais um dia por aqui"

Por enquanto, a forma mais fácil de chegar à região é mesmo por terra. Eu tive de voar de São Paulo para Montevidéu, no Uruguai, e pegar estrada de volta para o Brasil, pois, com o aeroporto de Porto Alegre fechado, os voos para outros aeroportos do Rio Grande do Sul lotam com facilidade. Parece roubada, né?

Contudo, não é uma má opção. A distância de Santana do Livramento a Montevidéu é praticamente a mesma que a Porto Alegre (cerca de seis horas e meia, sete horas de viagem) e as estradas uruguaias são infinitamente melhores e mais vazias do que as gaúchas. Sem contar que é sempre divertido observar a paisagem de outro país. Eu, pelo menos, adoro essa sensação de estar no estrangeiro. O voo pode ser até mais barato.

Quando o aeroporto Salgado Filho (POA) reabrir, no entanto, deve ser criada uma opção ainda mais interessante: voos de linha de Porto Alegre a Rivera, a cidade uruguaia que é grudada em Santana do Livramento. Em 2023, o Brasil e o Uruguai assinaram um acordo que transforma esse aeroporto em binacional, o que diminui as taxas aeroportuárias para os turistas brasileiros. Aí vai ficar bem fácil chegar. Só resta saber quanto vai custar.

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