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Saúde Mental - Sílvia Haidar
Sílvia Haidar
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Mudar de casa muitas vezes na infância pode aumentar risco de depressão na idade adulta

Estudo diz que jovens criam laços sociais na escola e em grupos esportivos, e mudanças geram impactos

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São Paulo

Pessoas que mudaram de casa muitas vezes antes dos 15 anos têm mais de 40% de chance de serem diagnosticadas com depressão na vida adulta, segundo um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Aarhus (Dinamarca), da Universidade de Plymouth (Inglaterra) e da Universidade de Manchester (Inglaterra).

A pesquisa, publicada na semana passada no periódico JAMA Psychiatry, analisou todas as localizações residenciais de quase 1,1 milhão de pessoas nascidas na Dinamarca entre 1981 e 2001 e que permaneceram no país durante os primeiros 15 anos de vida.

Em seguida, os pesquisadores acompanharam esses mesmos indivíduos na idade adulta e descobriram que pelo menos 35 mil deles que ainda estão vivendo na Dinamarca haviam recebido diagnóstico de depressão.

"Durante esses anos formativos, as crianças estão construindo suas redes sociais por meio da escola, de grupos esportivos e de outras atividades. Cada vez que precisam se adaptar a algo novo, pode ser disruptivo. Precisamos encontrar novas maneiras de ajudar as crianças a superar esses desafios", afirmou à JAMA Clive Sabel, professor de Big Data e ciência espacial da Universidade de Plymouth, ex-diretor da Universidade de Aarhus e principal autor do estudo.

A imagem mostra uma menina com expressão triste, sentada com as mãos no rosto, em um ambiente que parece ser uma casa em processo de mudança. Ao fundo, há duas pessoas desfocadas, possivelmente adultos, interagindo perto de uma janela. Há várias caixas de papelão ao redor, indicando que a família está se mudando.
A pesquisa analisou todas as localizações residenciais de quase 1,1 milhão de pessoas nascidas na Dinamarca entre 1981 e 2001 - Syda Productions/Adobe Stock

"Sabemos que há vários fatores que levam uma pessoa a ser diagnosticada com uma doença mental. No entanto, esta é a primeira evidência a sugerir que mudar para um novo bairro durante a infância está entre eles", diz Sabel.

De acordo com o levantamento, crianças que se mudam uma vez entre 10 e 15 anos têm 41% mais chances de serem diagnosticadas com depressão do que aquelas que não se mudam. E se uma criança se muda duas vezes ou mais entre as idades de 10 e 15 anos, o risco aumenta para cerca de 61%.

O estudo também mostra que indivíduos que vivem em bairros com privação de renda durante a infância têm uma probabilidade maior, em torno de 10%, de desenvolver depressão na idade adulta.

Os autores reforçam na pesquisa que as causas para o surgimento de transtornos mentais, como a depressão, são complexas e multifacetadas, incluindo uma série de fatores biológicos, socioeconômicos e psicológicos. Mas ressaltam que há evidências crescentes de que os ambientes naturais, construídos e sociais dos indivíduos estão relacionados à saúde mental.

"Este estudo enfatiza a importância de políticas globais que possibilitem e apoiem infâncias estáveis, mas que levem em consideração identidades regionais e culturais. No entanto, com base em nossas descobertas, também acreditamos que grupos específicos de jovens podem estar em maior risco", observa Sabel.

"Jovens sub tutela frequentemente enfrentam muitas mudanças e potencialmente são submetidos a pressões adicionais. Também há crianças filhas de militares que se mudam regularmente dependendo de onde seus pais estão alocados. Este estudo sugere que essas crianças podem precisar de assistência adicional para prevenir o desenvolvimento de doenças mentais mais tarde na vida."

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