Todas as letras

Diversidade afetiva, sexual e de gênero

Todas as letras - Renan Sukevicius
Renan Sukevicius

Crise de identidade

Olhar para o mundo sob perspectiva de raça ou gênero virou identitarismo e, basicamente, este blog é sobre isto

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Renan Sukevicius
São Paulo

A última vez que escrevi aqui foi em dezembro. Travei. Estava passando por crises. No plural. Peço desculpa caso você, que me lê, tenha se sentido lesado de alguma forma por minha não justificada ausência.

Há quem possa me classificar como millennial (millennial virou xingamento nas redes sociais. "Ah, essa geração nutella…") por estar em crise e jogar na conta da saúde mental meus maus momentos. Outros podem me tachar como mimizento. Mas eu caí de cabeça no mar das crises quando me vi identitarista.

Olhar para o mundo sob perspectiva de raça ou gênero virou identitarismo –e, basicamente, este blog é sobre isto. Identitarismo é a ideologia de gênero palatável, no meu entendimento. Nada melhor do que um termo para vender uma ideia sobre algo ou alguém. E essa palavra começou a sair da boca (ou dos dedos, em perfis no Twitter) de gente que respeito.

Bandeira LGBT
REUTERS

Parei. Respirei. Ajeitei a coluna. Olhei pro lado, saí da timeline do Twitter e vi a janela. Concordo que algumas militâncias têm passado do ponto em seus posicionamentos, sobretudo os feitos nas redes sociais, mas pera lá. Como é que não vou ser identitário se tem um mundo ultrapassado, binário e heteronormativo pulando na frigideira quente das mudanças de perspectiva?

O fato de a militância ter deixado de ser café com leite e ter entrado na roda das críticas, serem lidas como incoerentes e contraditórias, é a confirmação de que nossa sociedade está em uma mudança veloz. Tem gente por aí muito incomodada na própria pele –algumas não precisavam, mas ficam. Deve ser insuportável ser branco, hétero, com alguma condição financeira e progressista num mundo como o de hoje. E é isso, lidem com isso. Deve ser duro. A bola está com vocês agora.

Como colocar a cabeça no travesseiro sabendo que tem gente que é excluída apenas pelo fato de existir do jeito que se é?

Continuo meio exausto, mimizento, infelizmente millennial e identitário, talvez. Tudo vai mal, tudo. Há uma guerra logo ali e a peste ainda corre livre. Decidi aceitar que este é o mundo. E é a ele que vou responder.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.