Iniciando uma seção de perguntas e respostas rápidas sobre autismo e outras neurodivergências aqui no blog, trago uma pergunta geralmente associada aos níveis de suporte (I, II e III) dos autistas e ao que costumava se chamar autismo "leve, moderado ou severo" (mais sobre isso na próxima postagem desse blog).
Quem responde é o Thiago Lopes, doutor em psicologia pela Universidade do Quebec, responsável pela introdução do modelo Denver de intervenção precoce no Brasil e pai de duas crianças no espectro.
Considerando pessoas que têm diagnóstico de autismo, é possível dizer que um tem mais autismo do que outro? Não é possível falar que uma pessoa é mais autista do que a outra. É possível dizer que os sintomas são mais severos, que os sintomas são mais presentes. Mas isso não quer dizer que um tenha mais autismo que outro. O autismo é uma condição genética do neurodesenvolvimento. A origem dela é genética, então a resposta em relação ao diagnóstico é um "sim" ou "não". E, uma vez que se tem o diagnóstico, não existe cura, é um diagnóstico para o resto da vida. Existe a possibilidade de que os sintomas sejam atenuados com tratamento e com o desenvolvimento da criança. E de os sintomas serem menos invasivos, atrapalharem menos a qualidade de vida do indivíduo, de se reduzirem as diferenças em relação à população típica em termos de funcionamento e capacidade de adaptação e de convivência. Mas não existe alguém que é mais autista do que outro, são todos dentro do mesmo espectro.
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