Vidas Atípicas

Em busca de respostas para dúvidas profundas e inesgotáveis sobre o autismo

Vidas Atípicas - Johanna Nublat
Johanna Nublat

Série de TV traz irmãs autistas navegando a adolescência e o preconceito

Atrizes principais e parte da equipe da produção britânica são neurodivergentes

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A BBC lançou, no final de março, uma nova série com dez episódios sobre três irmãs — duas delas autistas — que vivem no interior da Inglaterra e tentam navegar a adolescência, o conservadorismo da cidade e o preconceito de parte de seus moradores, o que inclui a professora de duas das garotas.

As três irmãs, incluindo a neurotípica, são interpretadas por atrizes autistas. A autora do livro que baseia a série e co-roteirista da série também é autista.

A história de "A Kind of Spark" (algo como "um tipo de faísca") é centrada em Addie (interpretada por Lola Blue), uma adolescente autista que descobre que sua cidade foi palco, séculos antes, para uma caça às bruxas cujo alvo eram mulheres que a sociedade da época classificava como "diferentes". Ela começa uma busca histórica pelas tais "bruxas" para erguer um memorial a elas.

Addie tem duas irmãs gêmeas adolescentes, um pouco mais velhas: a também autista Keedie (Georgia De Gidlow) e a neurotípica Nina (Caitlin Hamilton) — as duas atrizes também são neurodivergentes.

A personagem Addie olha para a irmã, que está sentada ao seu lado
Em "A Kind of Spark", Addie conversa com sua irmã após uma festa - Reprodução/BBC

A série em si é superficial e tem alguns clichês, mas toca em pontos importantes para o debate público sobre a neurodiversidade. Desde o primeiro episódio, a professora de Addie (que tinha sido, no passado, professora de Keedie) é explicitamente capacitista e tem repetidas atitudes em que trata as meninas autistas como incapazes e como pessoas que não deveriam estar ali entre as neurotípicas.

Em um dos episódios, ao comentar que ela é, sim, capaz de erguer o memorial às bruxas, Addie diz: "As pessoas sempre falam que eu não consigo fazer as coisas. O médico disse que eu nunca ia falar. A profissional de saúde disse que eu nunca ia poder ir para a escola com crianças ‘normais’".

Mais para a frente na série, Addie faz a conexão entre a caça às bruxas e a neurodivergência. Ela diz que "bruxas eram pessoas normais que foram punidas por serem diferentes".

Em entrevista à BBC, a autora do livro e co-roteirista da série, Elle McNicoll, diz que queria "personagens, nas páginas e nas telas, que pudessem fazer com que garotas e jovens autistas vibrantes, inteligentes e dinâmicos sentissem que seu jeito de ser é algo a ser celebrado e uma fonte alegria, não algo para ser disfarçado ou suprimido. Que eles nunca deveriam deixar que expectativas limitadas de outras pessoas definissem seu valor ou felicidade. Eles devem ser o personagem central, não alguém na periferia".

A série não está disponível no Brasil, pelo menos por enquanto.

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