Apoio. Entusiasmo. Aceleração.
É a motociata do presidente Bolsonaro.
Para algumas pessoas, o momento não é de festa.
Com a gasolina no preço que está, passeios não se justificam.
No posto Paradão, o clima era de confiança.
O dono se chamava Rui do 39.
–Moto hoje abastece com desconto.
Era sua forma de apoiar o presidente.
–É Deus no Céu e o Messias na estrada.
Bandeiras nacionais enfeitavam a bomba de gasolina.
A comitiva passou como um jato.
–Poxa… queria tanto tirar um selfie.
A tarde ia pintando de roxo as lonjuras da serra.
–Quem sabe na hora de voltar o pessoal abastece.
Um barulho de moto supreendeu o comerciante.
–Ué. Indo para o interior ainda?
O capacete negro. A jaqueta de couro. As cores da bandeira.
–Opa, amigo… atrasado para a motociata hein…
O motoqueiro não respondeu.
Apenas o cano de uma pistola deu seu recado eloquente.
–Assalto, ô babaca.
A mente de Rui funcionava com agilidade.
–Se eu enrolar um pouco, quem sabe o pessoal da motociata me salva.
O lavrador Josino dá à polícia seu depoimento.
–Ouvi uns estampidos. Achei que era o pessoal da motociata.
Foram quatro tiros de pistola.
–Quando eu cheguei, o Rui já estava morto. Mortinho.
O presidente dá o mote.
–Acelera para Cristo.
Mas, por vezes, nem é preciso subir na moto.
O ticket para o céu também tem entrega em domicílio.
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