Crise. Inflação. Criminalidade.
O presidente Bolsonaro não vai bem nas pesquisas.
A ajuda de um marqueteiro baiano sempre é bem-vinda.
No comitê, Lourival Lorotto detalhava seu plano de ação.
--Esse negócio de Amazônia...
--O que é que tem?
--Perde voto.
As opiniões se dividiam.
--Você quer voto de índio ou de garimpeiro?
Lourival aceitou um primeiro drinque.
--Calma. As coisas não são assim... tão polarizadas.
O esquema já estava montado.
--Para mostrar nosso interesse pelo meio ambiente, vamos até o rio Javari.
--Caramba. Logo nesse lugar?
Jornalista inglês e indigenista brasileiro desapareceram na região.
--Nada de coisa triste. Uma mensagem de confiança e otimismo.
--O que você sugere, Lourival?
--Uma lanchaciata. Motociata de lancha.
--Jet-ski também?
--Claro.
--Será que os índios vão topar?
--A gente sorteia uma lancha para eles.
--Tipo quermesse?
Lourival sorriu com simpatia.
--Aí é que está o negócio.
A ideia era terminar em apoteose.
--Uma grande festa junina.
--Com dupla sertaneja?
--Isso. Já contatei algumas.
--Quais?
--Jagunço e Pistoleiro. Machadinha e Motosserra.
--Primeiro time.
--E a gente termina tudo com uma fogueira de São João.
--Haha, quem não gosta?
--E, se o fogo sair de controle...
--Bom, aí não é problema da gente, né, Lourival.
--Nossos índios não estão acostumados com festa religiosa.
--Não sabem o que é ser brasileiro.
--Isso muda, minha gente, isso muda.
Lourival espera o sinal verde do comitê.
--Calculo os meus gastos em torno de 400 mil dólares.
--A população local ajuda. Pode ter certeza.
Ele terminou o drinque.
--É como eu digo. Quanto mais verde, melhor.
Eleições são assim mesmo.
Na dúvida, o melhor é comemorar com antecedência.
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