Voltaire de Souza

Crônicas da vida louca

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Voltaire de Souza
Descrição de chapéu pantanal

O fantasma verde e amarelo

Defesa do meio ambiente inspira esforços e medos de última hora na juventude

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Onças. Papagaios. Araras.

A natureza pede socorro.

Ênia estava muito preocupada.

—Se o Bolsonaro ganhar...

O segundo turno se aproxima.

—Ele acaba com a Amazônia toda.

O namorado dela se chamava Raul Sílvio.

—Verdade, amor.

—A gente precisa se mobilizar.

—Com certeza. Mas como?

—Minha família inteira está fechada com o Bolsonaro.

—Lá no prédio, nem pensar.

Era preciso expandir os horizontes de atuação.

—No interior de São Paulo? Aí é brincadeira, né.

O apoio ao ex-capitão é forte nas regiões rurais do Estado.

—Só se a gente fosse para o Pantanal...

—Lembra da Carol?

—O que é que tem?

—Ela e o marido abriram uma pousada ecológica lá.

O Escort 85 avançou a caminho do Oeste.

—Ouviu alguma coisa, Ênia?

—Só falta ser tiro.

Era problema no carburador.

Na oficina, veio a má notícia.

—Esse carro aqui... a peça só chega daqui a dois dias.

O jeito era esperar.

—Aqui em Palmital?

—Ué. A gente fica num hotelzinho...

A noite desceu tranquila no quarto 12 da Pensão dos Viajantes.

—É só sair da cidade grande...

--Que a gente relaxa mais, né, Raul Sílvio?

Havia tempo para o noticiário televisivo e para os movimentos do amor.

—E agora, um soninho gostoso...

—A natureza é troço superlegal, né, Ênia?

Ela já estava dormindo.

O sonho veio numa profusão de cores e de sons.

—Ué? Já estou no Pantanal?

Flores de um rosa pálido levantaram voo contra o sol poente.

--Nossa... são flamingos?

Um grande papagaio se aproximou da jovem lulista.

—Bom dia... hora de acordar.

—Ué? Papagaio falando comigo?

—Ênia, você tem que se conformar com a realidade.

—Qual realidade?

—Quem ganha é o meu candidato, pô.

—Careca... de paletó verde... mas isso não é papagaio!

—Sou empresário, querida. E essa eleição está no papo.

—Luciano Hang? Aquele da Havan?

—Hahaha... e está cheio de anta junto comigo.

Ênia acordou assustada.

—Quer saber, Carlos Sílvio? Vamos voltar para São Paulo.

—Mas, Ênia...

—Esse negócio de natureza... de repente me deu um medo do caramba.

É belo quando pássaros voam em liberdade.

Mas há sempre gaiolas prontas para as angústias do coração humano.

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