Fé. Torcida. Rivalidade.
O país está parando mais uma vez.
É a Copa do Mundo.
No Qatar, a cerveja foi proibida.
Clayton dava um risinho.
—Aqui, ninguém manda na gente.
O isopor estava carregado.
Os amigos se animavam.
—Quem trouxe a linguicinha?
—É comigo mesmo, Clayton.
—Então espera aí. Que eu vou vestir a camisa.
—Por uma boa causa, né, Clayton?
O rapaz apareceu de cabelo molhado e com o Brasil no coração.
—Entrando em campo...
—Todos juntos, vamos...
—Pra frente Brasil, Brasil...
—Tudo no porta-mala?
—Conferido.
—O timaço entrando para a desforra.
—Haha. E não me falem do 7 a 1.
Cinco carros integravam a comitiva.
Não havia previsão de chuva na rede rodoviária do Mato Grosso.
—E não vai ter juiz para roubar a gente.
Dois motéis, um posto de gasolina e nove caminhões foram incendiados.
—Pessoal. A gente terminando o serviço ainda dá para assistir o segundo tempo.
—Que segundo tempo?
—O jogo do Brasil não é hoje?
Clayton fez cara feia.
—Falar de futebol numa hora dessas. Francamente.
Ele mostrou o fuzil debaixo do banco do passageiro.
—O jogo aqui é outro.
O grupo persiste no bloqueio rodoviário.
—Contra o comunismo. E com Bolsonaro até o fim.
Para o Brasil, a bola já está rolando.
Mas o time da bola quadrada continua esperando a hora da escalação.
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