Fiasco. Fracasso. Desapontamento.
Eliminação no Qatar.
O Brasil vai ter de digerir mais essa.
No gabinete do general Perácio, o clima era sombrio.
—Faltou tática. Faltou estratégia. Faltou patriotismo.
O assessor Guarany tentava animar seu superior.
—Daqui a quatro anos a gente consegue, general.
A mão de granito desferiu um poderoso tapa sobre a mesa de jacarandá.
—Quatro anos... quatro anos... Tudo é quatro anos agora?
—Verdade... a presidência, a Copa...
Perácio respirou fundo.
—Se a gente esperar tanto tempo, o país acaba.
A solução já tinha sido aventada há muito tempo.
—Intervenção militar, já.
Guarany tossiu levemente.
—Pois é, general... mas sabe como é...
O olhar de Perácio ganhou um brilho feroz.
—Não. Não, Guarany. Eu não sei como é.
—A gente está com pouco apoio, parece...
O segundo tapa fez estremecer as abas do laptop.
—Como assim? Quem falou em pouco apoio?
--Os manifestantes... na porta dos quartéis... não é tanta gente assim.
O rosto de Perácio assumiu tonalidades de púrpura.
—Mas quem está falando em porta do quartel, tenente?
—Ué... pensei que...
—Está me chamando de golpista?
—Mas, general...
O terceiro tapa interrompeu o raciocínio de Guarany.
—A intervenção militar é outra, Guarany.
—Não era para tirar o Lula?
—Depois, Guarany. Depois. Uma coisa de cada vez.
O plano de intervenção era outro.
—No Qatar, ora essa. Invade aquela joça.
Guarany ficou de contar a Marinha e a Aeronáutica.
—Com o sucesso dessa operação, tirar o Lula aqui vai ser um passeio.
—Tipo goleada, né, general?
—Na melhor tradição brasileira.
A manhã avançava com esperanças na Esplanada dos Ministérios.
Alguns setores políticos são como a Seleção Brasileira.
São fortes no ataque. Mas na hora de recuar, a disposição é pouca.
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