Esperança. Mudança. Alternância.
Sai um governo, entra outro.
É a democracia.
Em Brasília, a reunião do gabinete de inteligência corria tensa.
—Como é que o chefe está hoje?
—Mais ou menos...
—Ainda emburrado?
—Deprimido. Desanimado. Acho que são as palavras mais corretas.
—Mas um pouco melhor, né.
—Até falou com uns apoiadores.
—É importante.
—Sabe qual é a minha preocupação?
—Qual?
—Depois da posse do novo presidente.
—Passaporte italiano, será que o chefe tem?
—Pô, não se trata disso...
—O que é que é então.
—Sem ter o que fazer, ele pode cometer alguma loucura...
—Calma. O presidente é um cara que tem ânimo. Amor à vida. Se matar ele não vai.
—Mas vai que inventa de invadir um quartel...
—Fazer tudo sozinho?
—Ou então cai em depressão total.
—A gente precisa arrumar uma coisa útil para ele fazer.
—Será que ele consegue?
—Não sei. E, para piorar, o Brasil perde a Copa.
—É. Mas quem sabe...
Veio a ideia salvadora.
—O Tite saiu, não é?
—Saiu. Você acha que...
—O presidente... técnico da Seleção?
—Põe essa cambada na linha.
—Verdade.
—Afinal, o que mais faltou nos jogadores...
—É amor pela camisa. Patriotismo.
—Isso ele tem de sobra.
—Depois, seria um ato de conciliação.
—Apaziguador.
—Sem contar com o apoio da torcida.
—Todo mundo já está de verde e amarelo mesmo...
—Troca de presidente, mas não troca de camisa.
O impacto da proposta junto ao mercado ainda está sob avaliação.
Mas é como dizem.
Em time que está perdendo, você mexe no que dá.
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