Um foguete da SpaceX deverá ser lançado da Califórnia na madrugada desta quarta-feira (24), quando a Nasa tentará demonstrar um sistema de defesa planetária pioneiro, projetado para desviar um asteroide de uma potencial colisão fatídica com a Terra.
A missão Dart (sigla em inglês de Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo) vai testar a capacidade da Nasa de alterar a trajetória de um asteroide com força cinética —por meio da colisão com uma espaçonave robótica em alta velocidade, desviando o rochedo espacial o suficiente para mantê-lo numa rota distante de nosso planeta.
O alvo do Dart tem uma fração do tamanho do asteroide cataclísmico Chicxulub que se chocou com a Terra há cerca de 66 milhões de anos, matando a maioria das espécies animais do planeta. Ele não está numa rota que o fará colidir com a Terra no futuro previsível.
Mas os cientistas dizem que asteroides menores são muito mais comuns e representam uma ameaça teórica muito maior para a Terra em curto prazo.
A Nasa contratou a empresa SpaceX, de Elon Musk, para lançar o Dart a bordo de um foguete Falcon 9 nesta quarta às 3h20 (horário de Brasília), da Base Vandenberg da Força Aérea no litoral da Califórnia, a cerca de 240 km a noroeste de Los Angeles.
Se a decolagem for adiada, a Nasa terá uma janela de 84 dias para tentar novamente.
Depois de lançada ao espaço, a Dart viajará durante dez meses até seu destino, a cerca de 11 milhões de quilômetros da Terra.
Seu alvo é um asteroide "moonlet" (pequena lua) do tamanho de um estádio de futebol, que orbita uma rocha muito maior —cerca de cinco vezes— em um sistema binário de asteroides chamado Didymos, palavra grega que significa "gêmeos".
A lua, chamada Dimorphos, é um dos menores objetos astronômicos a receber um nome permanente. Mas com 157 metros de diâmetro seu tamanho é típico entre os asteroides conhecidos —detritos que restaram da formação do sistema solar, há 4,6 bilhões de anos.
Mais simples que o Armagedon
Os cientistas escolheram o sistema Didymos porque sua relativa proximidade com a Terra e a configuração de asteroide duplo o tornam ideal para observar os resultados do impacto.
A chave para se evitar um asteroide assassino é detectá-lo bem antes e estar preparados com os meios para modificar seu curso, disse o oficial de defesa planetária da Nasa, Lindley Johnson, em pronunciamento à imprensa este mês.
"Não queremos estar numa situação em que um asteroide ruma para a Terra e então precisarmos testar esse tipo de capacidade", disse ele.
A equipe do projeto Dart determinou que disparar um projétil do tamanho de um automóvel contra um asteroide da dimensão do Dimorphos a 24.000 km por hora deve bastar.
A espaçonave Dart, uma caixa em forma de cubo com dois painéis solares retangulares, deverá se encontrar com a dupla Didymos-Dimorphos no final de setembro de 2022.
Câmeras montadas no impactador e em uma miniespaçonave do tamanho de uma maleta lançada do Dart cerca de dez dias antes registrarão a colisão.
Observações de telescópios e radares baseados na Terra medirão o quanto muda a órbita da pequena lua ao redor de Didymos.
A equipe do Dart espera encurtar a trajetória orbital em cerca de dez minutos, mas consideraria pelo menos 73 segundos um sucesso.
O custo total do projeto Dart será de aproximadamente US$ 330 milhões (R$ 1,8 bilhão), segundo Lindley, muito menor que o de muitas missões mais ambiciosas da Nasa.
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.
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