Descrição de chapéu Rio

Museu Nacional recebe doação de 1.104 fósseis de plantas, insetos e dinossauros

80% dos novos itens devem ser expostos ao público quando o prédio for reaberto, em 2026

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Carolina Oliveira Castro
Rio de Janeiro

Mais de mil fósseis, entre os quais de insetos e dinossauros, passaram a fazer parte do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Os itens, apresentados na manhã desta terça-feira (7), são frutos de uma doação, uma das maiores já recebidas pela instituição, e todos têm como origem a bacia do Araripe, sítio paleontológico situado nas divisas dos estados do Ceará, Pernambuco e Piauí.

Ao todo, são 1.104 peças, entre plantas, insetos e dinossauros.

Um dos destaques é um crânio de pterossauro Tupandactylus Imperator, extremamente preservado —com ele, foi possível descobrir detalhes da mandíbula e da pele da cabeça do animal até então desconhecidos.

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Crânio de pterossauro Ludodactylus, doado ao Museu Nacional - Handerson Oliveira

Outro que chama a atenção é um fóssil Tetrapodophis amplectus, que é alvo de debates. Segundo material divulgado pelo museu, há pessoas que argumentam que ele "representa uma espécie antiga de cobra, posicionada como a forma de transição entre lagartos e cobras".

Também constam do coleção exemplares fossilizados de grilos, libélulas, baratas e besouros, além de folhas, caules, sementes e flores.

A coleção desembarcou no Rio em 2023 depois de dois anos de negociação. Os itens pertenciam a Burkhard Pohl, que, nas últimas décadas, comprou uma série de fósseis em feiras na Europa e nos Estados Unidos.

"Logo após o incêndio, o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, me procurou solicitando ajuda para tentar reconstruir o acervo do museu. Ele queria um T. rex, que tem grande valor atrativo museológico. Não achamos o T. rex, ainda, mas achamos uma coleção que tem um enorme valor científico e histórico", conta Frances Rernolds, presidente do Instituto Inclusartriz, responsável financeira pelas buscas do acervo.

Até o incêndio em setembro de 2018, o museu contava com cerca de 50 mil fósseis em seu acerto. Estima-se que 85% desse material tenha se perdido para sempre.

Durante a apresentação da coleção, Kellner não quis dar detalhes sobre os repasses e apoios públicos para a reconstrução da instituição, que vinha sofrendo com falta de verbas e manutenção desde antes do incêndio.

"Sabemos que a nossa perda teve um valor inestimável e é irrecuperável. Agora, vamos aprender com os nossos erros e garantir que o que estávamos construindo nos últimos anos possa ser exposto, estudado e catalogado com qualidade e segurança. Para essa doação acontecer, precisamos provar que estamos prontos para isso. Hoje, estamos realizando um desejo antigo de ter o nosso arquivo fora do museu. Em um prédio destinado para isso", disse Kellner.

Parte do acervo que o sobrou do museu ainda está sendo recuperado e documentado. Mas, uma parte importante havia sido escaneada por um microtomógrafo que fez uma leitura em 3D das peças. No entanto, não há estudos sobre isso para fins de exposição, ainda.

Reabertura do museu

A reabertura parcial do museu está marcada para o primeiro semestre de 2026, e cerca de 80% da nova coleção será exibida ao público. Apenas o primeiro bloco do prédio antigo deve estar pronto em 2026, os demais só têm previsão de reforma para 2028.

O projeto de reerguimento do museu prevê mais de 6.000 metros quadrados e 10 mil peças em exposição. Isso é o dobro do acervo aberto ao público na época do incêndio.

No total a recuperação deve custar R$ 445 milhões. Até agora, pouco mais da metade da verba já foi captada, sendo R$ 144,8 milhões de recursos federais, R$ 20 milhões de repasses estaduais e R$ 100,5 milhões da iniciativa privada. Esses números devem ser atualizados numa audiência pública que deve acontecer em junho no Congresso, em Brasília.

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