Descrição de chapéu Rússia

Agência Espacial Europeia cancela seus projetos com a Rússia

Decisão foi tomada como represália pela invasão russa à Ucrânia

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Paris | AFP

A Agência Espacial Europeia (ESA) confirmou a suspensão da missão russo-europeia ExoMars e procura alternativas para o lançamento das suas próximas missões, especialmente a Marte.

A ExoMars estava programada para este ano, mas diante da invasão russa da Ucrânia, a ESA, em comunicado, "reconheceu a impossibilidade de manter a atual cooperação com a (agência espacial russa) Roscosmos".

O conselho administrativo da ESA instruiu seu diretor a realizar um estudo rápido para relançar ExoMars e buscar novas opções.

Astronauta britânico Tim Peake posa com um protótipo do rover Rosalind Franklin ExoMars
Astronauta britânico Tim Peake posa com um protótipo do rover Rosalind Franklin ExoMars, feito em parceria com a Rússia para ser enviado a Marte; acordo foi suspenso pela agência europeia devido à Guerra da Ucrânia - Ben Stansall - 7.fev.19/AFP

"É muito amargo para todos os entusiastas do espaço", disse o chefe da agência, Dmitri Rogozin, no Telegram.

Ao mesmo tempo, Rogozin demonstrou otimismo ao afirmar que "em poucos anos" a Rússia poderá realizar essa missão sozinha.

"Sim, levará alguns anos (...) mas seremos capazes de realizar esta missão de pesquisa sozinhos a partir do novo local de lançamento no Cosmódromo de Vostochny", disse ele.

Uma missão tomada por incidentes

A ExoMars estava programada para lançar um rover com destino a Marte em setembro, com a ajuda de um lançador e uma estrutura de pouso russos.

Os lançamentos de diversas missões da ESA utilizavam, até agora, o lançador russo Soyouz a partir do porto espacial europeu de Kourou, na Guiana Francesa.

A Roscosmos condenou as sanções europeias, impostas em virtude da invasão russa à Ucrânia, de suspender os lançamentos com a Soyouz no porto de Kourou e de chamar de volta sua equipe de centenas de engenheiros e técnicos.

Foguete russo Proton-M carregando a nave ExoMars 2016, parceria com a Agência Espacial Europeia, é lançado na base espacial Baikonur em 14 de março de 2016
Foguete russo Proton-M carregando a nave ExoMars 2016, parceria com a Agência Espacial Europeia, é lançado na base espacial Baikonur em 14 de março de 2016 - Kirill Kudryavtsev - 14.mar.16/AFP

Inicialmente previsto para 2020, o lançamento da ExoMars foi adiado, por causa da pandemia de Covid-19, para setembro de 2022.

O rover da ESA, Rosalind Franklin, deveria ser transportado por um foguete Proton de Baïkanour no Cazaquistão e pousar em Marte com a ajuda do lander Kazatchok, também russo.

Agora, a expedição espacial está mais do que comprometida por causa de uma janela de lançamento em direção ao planeta vermelho que se abre de dois em dois anos.

A cooperação com a Nasa dos EUA "é uma opção", disse o diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher.

Todas as outras missões da ESA que têm como base a utilização do lançador russo Proton foram também suspensas. Estas incluem dois satélites para constelação europeia de posicionamento Galileo, a missão científica Euclid e a missão europeia-japonesa de observação da Terra EarthCARE.

A situação é difícil porque uma das alternativas para substituir o Soyouz, o foguete Ariane 6, está com a agenda cheia.

Esse foguete ainda não colocou em órbita um satélite de observação militar francês, CSO-3, e a missão será adiada em um ano por causa do cancelamento dos serviços russos.

O maior símbolo da cooperação espacial com a Rússia, que remonta à década de 1990, quando a União Soviética caiu, continua sendo a Estação Espacial Internacional (ISS).

A ISS tem basicamente dois segmentos, um americano e um russo.

O chefe da Roscosmos recentemente alertou sobre o efeito das sanções em seus próprios planos. A nave Progress, por exemplo, serve para manter a ISS em sua órbita.

Aschbacher descartou nesta quinta-feira um impacto na segurança da ISS.

"As operações são estáveis e seguras", disse ele.

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