Um painel de discussão inédito organizado pela Nasa iniciou um estudo na última segunda-feira (24) sobre o que o governo dos Estados Unidos chama de "fenômenos aéreos não identificados", comumente chamados de óvnis, reunindo especialistas de áreas científicas que vão da física à astrobiologia.
O grupo de 16 membros, convocado com pouca divulgação, concentrará sua investigação inteiramente em avistamentos não classificados e outros dados coletados pelo governo civil e por setores comerciais, segundo a Nasa.
A análise da equipe não faz parte de uma investigação recém-formalizada do Pentágono sobre fenômenos aéreos não identificados (UAPs na sigla em inglês) relatados por aviadores militares e analisados por oficiais de defesa e inteligência dos Estados Unidos.
Os esforços paralelos da Nasa e do Pentágono destacam um ponto de virada do governo americano depois de passar décadas evitando, desmentindo e desacreditando observações de objetos voadores não identificados, ou óvnis, que remontam à década de 1940.
O termo UFO, há muito associado a ideias de discos voadores e espaçonaves alienígenas, foi substituído na linguagem do governo americano por "UAP". Anunciando a formação de seu painel em junho, a Nasa disse: "Não há evidências de que os UAPs sejam de origem extraterrestre". Um relatório do Pentágono divulgado um ano antes também encontrou dados insuficientes para determinar a natureza de mais de 140 avistamentos verossímeis documentados desde 2004 por observadores militares, principalmente membros da Marinha.
Autoridades graduadas de defesa e inteligência testemunharam perante o Congresso há cinco meses que a lista de avistamentos de óvnis catalogados cresceu para 400, mas muitos permanecem sem explicação, seja como tecnologias terrestres avançadas, atmosféricas ou algo alienígena.
Entre eles estão vídeos divulgados pelo Pentágono de objetos aéreos enigmáticos exibindo velocidade e manobrabilidade que excedem a tecnologia de aviação conhecida e carecem de meios visíveis de propulsão ou superfícies de controle de voo.
A Nasa disse que seu painel passará nove meses elaborando uma estratégia própria para organizar e estudar avistamentos antes de recomendar "um roteiro de análise de dados sobre potenciais UAPs pela agência de agora em diante". Seu primeiro relatório deve ser divulgado em meados de 2023.
"Entender os dados que temos em torno de fenômenos aéreos não identificados é fundamental para nos ajudar a tirar conclusões científicas sobre o que está acontecendo em nossos céus", disse Thomas Zurbuchen, administrador associado da Nasa. "Os dados são a linguagem dos cientistas e tornam o inexplicável explicável."
O painel é presidido por David Spergel, que antes chefiou o departamento de astrofísica da Universidade Prince.
Também integram o grupo Anamaria Berea, afiliada de pesquisa do Instituto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) em Mountainview, na Califórnia; o astronauta aposentado da Nasa e piloto de testes Scott Kelly; Paula Bontempi, oceanógrafa biológica da Universidade de Rhode Island; e a astrofísica Shelley Wright, da Universidade da Califórnia em San Diego.
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