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O que é o 'segundo bissexto' e por que ele será eliminado a partir de 2035

Intervalo foi adicionado 27 vezes até hoje para ajustar diferença mínima entre o tempo astronômico e o universal

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Ambos são segundos.

Mas a duração dessa unidade de tempo não é a mesma se nos guiarmos pelas medidas de um relógio atômico (de espantosa precisão) ou pela rotação da Terra.

Segundo intercalar foi usado 27 vezes desde 1972 - em 2016 pela última vez
Segundo intercalar foi usado 27 vezes desde 1972 - em 2016 pela última vez - Getty images

Isso porque, enquanto a medição baseada nas vibrações dos átomos é incrivelmente estável, o tempo que nosso planeta leva para girar sobre si mesmo, ao contrário, varia.

O movimento das marés, o fato de a Terra não ser um objeto sólido, de registrar movimentos em sua crosta e de ter um núcleo em estado líquido são alguns dos fatores que contribuem para essa variabilidade.

Para compensar a diferença, o Escritório Internacional de Pesos e Medidas (BIPM, na sigla em francês), localizado em Paris, convencionou adicionar periodicamente um segundo bissexto —ou segundo intercalar— quando a diferença entre o tempo astronômico e o universal (ditado por relógios atômicos) se aproxima de 0,9 segundos.

Tudo isso pode parecer insignificante para nós, humildes mortais, mas não é: o segundo é a unidade base para a medição do tempo no sistema internacional de medidas.

Sem a adição, ao passar dos anos a distância entre as duas medidas de tempo só aumentaria.

Tempo astronômico e atômico são diferentes
Tempo astronômico e atômico são diferentes - Getty Images

Para sincronizar os dois relógios, o segundo bissexto foi usado 27 vezes desde 1972 - a última vez, em 2016.

Recentemente, contudo, o órgão encarregado de estabelecer os padrões nos sistemas de unidades utilizados em todo o mundo decidiu eliminar essa medida a partir de 2035.

O problema, segundo os especialistas do BIPM, é que é muito difícil prever exatamente quando será necessário adicionar o segundo extra.

Por isso, muitos sistemas que dependem de medições precisas desenvolveram seus próprios métodos para incorporar o segundo. Alguns o fazem no último momento do último dia do ano; outros, no primeiro dia do ano, por exemplo.

Isso acaba colocando em xeque a universalidade do tempo e, por consequência, pode representar um perigo para todos os sistemas digitais que estão interconectados.

A decisão do BIMP, chamada de "resolução D", pede a suspensão do segundo bissexto de 2035 pelo menos até 2135, quando o tema voltaria a ser discutido, possivelmente com novas propostas desenvolvidas por cientistas para conciliar o tempo astronômico com o atômico.

Essa "decisão histórica" permitiria "um fluxo contínuo de segundos sem as descontinuidades atualmente causadas por segundos bissextos irregulares", disse Patrizia Tavella, diretora do departamento de tempo do BIPM.

Esta reportagem foi publicada originalmente aqui.

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