Descrição de chapéu China Rússia

Potências se preparam para uma 'corrida do ouro' na Lua

Países estão interessados em materiais raros do satélite natural da Terra, como o hélio-3 e os metais de terras-raras

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Guy Faulconbridge
Moscou | Reuters

A Rússia lançou sua primeira nave espacial em 47 anos na última sexta-feira (11), em meio a uma corrida de grandes potências, incluindo Estados Unidos, China e Índia, para descobrir mais sobre os elementos contidos no único satélite natural da Terra.

A Rússia disse que lançaria mais missões lunares e depois exploraria a possibilidade de uma missão tripulada conjunta Rússia-China e até mesmo uma base lunar. A Nasa falou sobre uma "corrida do ouro lunar" e explorou o potencial da mineração na Lua.

Por que as grandes potências estão tão interessadas no que há lá em cima?

As grandes potências já possuem missões programadas para explorarem o polo sul da Lua, onde existe a comprovação da presença de água
As grandes potências já possuem missões programadas para explorarem o polo sul da Lua, onde existe a comprovação da presença de água - Luis Acosta - 2.ago.23/AFP

A Lua

A Lua, que está a 384.400 km de nosso planeta, modera a oscilação da Terra em seu eixo, o que garante um clima mais estável. Também causa marés nos oceanos do mundo.

O pensamento atual é que ela foi formada quando alguma coisa enorme colidiu com a Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos. Os detritos da colisão se juntaram para formar a Lua.

As temperaturas variam: em pleno sol, sobem para 127ºC, enquanto na escuridão despencam para cerca de -173°C. A exosfera da Lua não oferece proteção contra a radiação solar.

Água

A primeira descoberta definitiva de água na Lua foi feita em 2008 pela missão indiana Chandrayaan-1, que detectou moléculas de hidroxila espalhadas pela superfície lunar e concentradas nos polos, segundo a Nasa.

A água é crucial para a vida humana e também pode ser uma fonte de hidrogênio e oxigênio —e estes podem ser usados como combustível para foguetes.

Hélio-3

O hélio-3 é um isótopo de hélio raro na Terra, mas a Nasa diz que há estimativas de um milhão de toneladas dele na Lua.

Esse isótopo poderia fornecer energia nuclear em um reator de fusão, mas, como não é radioativo, não produziria resíduos perigosos, segundo a Agência Espacial Europeia.

Metais de terras-raras

Metais de terras-raras, usados em smartphones, computadores e tecnologias avançadas, estão presentes na Lua, incluindo escândio, ítrio e os 15 lantanídeos, segundo pesquisa da Boeing.

Como funcionaria a mineração na Lua?

Não está totalmente claro.

Algum tipo de infraestrutura teria que ser estabelecido no planeta. As condições da Lua significam que robôs teriam que fazer a maior parte do trabalho duro, embora a água existente lá permitisse a presença humana em longo prazo.

Qual é a lei?

A lei não é clara, e cheia de lacunas.

O Tratado do Espaço Exterior de 1966 da ONU (Organização das Nações Unidas) diz que nenhuma nação pode reivindicar soberania sobre a Lua —ou outros corpos celestes— e que a exploração do espaço deve ser realizada para o benefício de todos os países.

Mas advogados dizem que não está claro se uma entidade privada pode ou não reivindicar soberania sobre uma parte da Lua.

"A mineração espacial está sujeita a relativamente pouca política ou governança existente, apesar dessas apostas potencialmente altas", disse a Rand Corporation em um blog no ano passado.

O Acordo da Lua de 1979 afirma que nenhuma parte da Lua "se tornará propriedade de qualquer Estado, organização internacional intergovernamental ou não governamental, organização nacional ou entidade não governamental, ou de qualquer pessoa física".

Não foi ratificado por nenhuma grande potência espacial.

Os Estados Unidos anunciaram em 2020 os Acordos Artemis, em homenagem ao programa lunar Artemis da Nasa, para tentar reforçar a lei espacial internacional existente estabelecendo "zonas de segurança" na Lua. Rússia e China não aderiram aos acordos.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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