Aos 26 anos, astrônoma Teresa Paneque atrai meninas para a ciência por meio da ficção

Carlota, personagem criado pela chilena, incentiva estudo do Universo

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Pedro Schwarze
AFP

Astrônoma e estrela no Instagram e no TikTok, Teresa Paneque, 26, é uma das divulgadoras científicas mais populares do Chile. Sua maior contribuição para a ciência é Carlota, uma personagem fictícia que incentiva meninas a se aprofundarem no estudo do Universo.

Paneque ensina ciência na capital mundial da astronomia, o Chile, com seus inúmeros telescópios instalados no deserto do Atacama, o mais seco do planeta.

Filha de um bioquímico cubano e de uma química farmacêutica chilena, a jovem começou a estudar astronomia aos 16 anos e atualmente faz doutorado na Holanda.

A astrônoma Teresa Paneque, 26, que recentemente foi nomeada embaixadora da Unicef no Chile - Pablo Cozzaglio/AFP

Ficou conhecida em 2019 por suas publicações nas redes sociais. Com uma linguagem simples, aborda temas como a rotação da Terra, a formação dos planetas ou a chegada do homem à Lua. Atualmente, ela tem 247 mil seguidores no Instagram e 771 mil no TikTok.

A astrônoma chamou a atenção de uma editora, que a convidou para escrever um livro divertido sobre o seu tema de estudo. Em 2021, o "El Universo Según Carlota" (o universo segundo Carlota) nasceu. Já são três volumes e cerca de 25 mil exemplares vendidos.

As páginas contam a história de uma menina de 12 anos de cabelos longos que veste um casaco estampado de estrelas. Carlota detestava aulas de ciências, mas acabou se conectando com a imensidão do Universo em uma uma feira científica da qual foi obrigada a participar.

"Esse livro não é para que todos os meninos e meninas que o leem sejam cientistas. É para eles perceberem que, se quiserem, podem ser", diz Paneque.

Nos primeiros anos de faculdade, a astrônoma teve apenas professores do sexo masculino: "Até que comecei meu mestrado e tive professoras que eram físicas, astrônomas, que eram líderes em suas áreas. Hoje quando penso em quem me inspira na ciência, são minhas professoras".

Recentemente nomeada embaixadora da Unicef no Chile, a astrônoma conversou com a AFP em sua passagem por Santiago.

Como chegou à astronomia?
Gostava muito de entender nosso entorno. Descobri a física, que usa a matemática como linguagem para prever e modelar a natureza, e isso me pareceu mágico. E dentro da física me pareceu que a astronomia era o mais desafiador, porque ela estuda algo que não podemos tocar, interagir, que não podemos vivenciar a não ser através da luz.

Que mensagem Carlota transmite às meninas?
Gostaria que falássemos sobre as mulheres na ciência nos próximos livros. E talvez falemos sobre crise de representatividade. Gostaria de poder apresentar essas personagens, essas figuras escondidas ou perdidas, por meio da Carlota, porque as mulheres sempre estiveram lá, sempre fomos fundamentais.

Por que seu interesse pelas mulheres e pela ciência?
Porque estatisticamente as mulheres têm metade das respostas, assim como os homens têm a outra metade. Não nos serve uma ciência só de mulheres, não nos serve uma ciência só de homens, e para cada grande ideia que surgiu no século passado, houve provavelmente outra grande ideia de uma mulher que nunca teve a oportunidade, nunca teve a possibilidade de acessar a essa educação.

Cientista ou divulgadora científica?
As pessoas são multidisciplinares. Além das redes, dos livros e da ciência, gostaria muito de poder contribuir com políticas públicas. Tenho uma visão muito crítica quanto à necessidade de promover a educação científica.


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