Descrição de chapéu The New York Times dinossauro

Novo estudo volta a defender existência de Nanotyrannus, espécie menor de tiranossauro

Há anos cientistas discutem se ele seria um T. rex adolescente ou não

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Asher Elbein
The New York Times

Com seus 58 centímetros de comprimento, um crânio de tiranossauro tem sido motivo de séria controvérsia entre os paleontólogos há décadas.

Em 1988, uma equipe de pesquisadores o batizou de Nanotyrannus lancensis, sugerindo que representava um animal que viveu à sombra do Tyrannosaurus rex. Em 1999, outro grupo argumentou que o crânio e espécimes similares eram de um T. rex adolescente, antes de a espécie passar por um surto de crescimento que antecedeu a idade adulta.

Por anos, a hipótese do T. rex adolescente ganhou força.

Ilustração de Nanotyrannus lancensis adulto atacando jovem T. rex
Ilustração de Nanotyrannus lancensis adulto atacando jovem T. rex - Raul Martin/NYT

"A maioria das pessoas acreditou nisso, inclusive eu", disse Nick Longrich, um paleontólogo da Universidade de Bath, na Inglaterra.

Longrich, porém, mudou de ideia. Em um estudo publicado na última quarta (3) no periódico Fossil Studies, ele e seus colegas argumentam que existem evidências suficientes para "ressuscitar" o Nanotyrannus como uma espécie dentro da família dos tiranossauros. Com base em características anatômicas, os pesquisadores argumentam que ele nem mesmo está relacionado ao T. rex.

Outros especialistas dizem que o estudo provavelmente não põe um ponto final no debate.

"É como se fosse um dinossauro de Schrödinger", disse Thomas Holtz, paleontólogo da Universidade de Maryland que não estava envolvido com o artigo. "Esse artigo vai fazer as pessoas continuarem falando sobre isso, mas não vai realmente resolvê-lo."

Para fundamentar seu argumento, a equipe de Longrich estudou o crânio original de 58 centímetros e descobertas mais recentes chamadas Jane e Petey, bem como um espécime de tiranossauro cujo fóssil foi encontrado numa espécie de duelo com um Triceratops.

Segundo Longrich, todos esses casos foram tratados como representantes de T. rex adolescente. Mas sua equipe afirmou ter encontrado cerca de 150 diferenças em sua anatomia, incluindo detalhes do crânio; um focinho estendido em forma de lâmina; e braços e garras mais longos do que os de um T. rex adulto.

Ele também afirmou que os espécimes apresentavam características consistentes com animais maduros, não adolescentes. Os anéis de crescimento dentro do osso de três espécimes —incluindo Jane e Petey— também sugerem taxas de crescimento mais lentas. Os pesquisadores estimaram que os animais estavam caminhando para pesar mais de 1 tonelada, ao contrário do T. rex, que pesava de 4 a 5 toneladas.

"Temos três indivíduos, o que basicamente descarta uma variação individual ou um padrão de crescimento aberrante", disse Longrich. "O que estamos vendo é que os padrões de crescimento são inconsistentes com esses animais sendo juvenis."

Onde, então, estão os verdadeiros T. rex juvenis? Longrich acredita ter encontrado um fragmento de um —um pedaço de crânio das coleções da Universidade da Califórnia, Berkeley, descrito no artigo. "Em cada característica era T. rex", disse ele.

Outros paleontólogos não estão prontos para descartar a hipótese de T. rex adolescente e fizeram objeções ao artigo.

As amostras em questão mostram características em comum com o T. rex adulto —entre as quais a testa, focinho e caixa craniana, disse Thomas Carr, paleontólogo do Carthage College que primeiro defendeu que o Nanotyrannus representava um T. rex jovem.

Ele discorda, ainda, da afirmação de que não se encaixam no padrão de crescimento de outros crânios de tiranossauros. "Com o T. rex e os tiranossauros em geral, as diferenças entre jovens e adultos são bastante extremas, e as pessoas são facilmente confundidas."

Holly Woodward, paleontóloga da Universidade Estadual de Oklahoma que produziu alguns dos dados de crescimento usados pela equipe de Longrich, também contestou as conclusões. O espaçamento dos anéis de crescimento mais internos no tecido ósseo de um T. rex adulto quase completamente crescido sugere "taxas de crescimento mais baixas em idades mais jovens antes do grande surto de crescimento".

Ela acrescentou que a escolha dos modelos matemáticos da equipe arrisca produzir uma imagem distorcida que mostra animais mais jovens que já terminaram de crescer, mesmo que esse não seja o caso. "Eu simplesmente não estou convencida de que os argumentos da curva de crescimento apoiem essa hipótese", disse ela.

Longrich respondeu que os defensores do T. rex adolescente também não provaram seu caso: "Eu devolveria isso para o campo deles e diria: 'Onde está a evidência para sua hipótese?'"

Ele afirmou que "para o Nanotyrannus se transformar em T. rex, isso requer um número extraordinário de transformações". Nenhum outro dinossauro se desenvolve assim, argumenta Longrich. Tudo o que a equipe deles estudou se encaixa perfeitamente na forma do Nanotyrannus ou do T. rex.

Historicamente, houve paleontólogos que argumentaram a favor de ambos os lados, disse Holtz. Parte do problema é que a maioria dos espécimes de T. rex são adultos, com apenas alguns subadultos. Todos reconhecem essa lacuna. Mas discordam sobre seu significado.

A descoberta de um Nanotyrannus adulto mais velho ou de um jovem T. rex distinto da forma do Nanotyrannus ajudaria a esclarecer as coisas, disse Holtz. Também poderiam ajudar os dados futuros sobre Jane e o tiranossauro encontrado numa espécie de duelo com um Triceratops.

Embora o artigo da equipe forneça sugestões interessantes, Holtz disse que não é o suficiente para ele rejeitar a hipótese "de que esses são T. rex juvenis".

A discussão continua. Para um animal que pode ou não ter existido, o Nanotyrannus está se mostrando curiosamente difícil de ser eliminado.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.