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Choque com sonda da Nasa alterou forma do asteroide Dimorfo

Em 2022, missão atingiu corpo celeste para desviar sua rota e testar capacidade de proteger a Terra

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Will Dunham
Washington | Reuters

Quando a Nasa enviou sua espaçonave Dart para colidir com o asteroide Dimorfo em 2022, a agência espacial demonstrou que era possível alterar a trajetória de um objeto celeste, se necessário, para proteger a Terra. Só que o choque mudou não apenas o caminho do asteroide mas também a forma dele.

Antes do encontro com a sonda, o asteroide parecia uma bola um pouco mais rechonchuda na cintura. Depois, passou ter a forma mais parecida com a de uma melancia —ou, tecnicamente, um elipsoide triaxial—, disseram cientistas na última terça-feira (19).

Registro do asteroide Dimorfo, quatro meses após colisão, feito pelo telescópio Hubble - AFP/Space Telescope Science Institute/ESA/Nasa/David Jewitt (UCLA)

"O entendimento predominante é que Dimorfo é uma aglomeração de detritos que vão desde poeira até cascalho e rochas. Assim, sua resistência é bastante baixa, permitindo deformações muito mais facilmente do que um corpo monolítico sólido", explicou Steve Chesley, pesquisador sênior no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa na Califórnia e coautor do estudo publicado no Journal of Planetary Science.

"A mudança de forma foi tão dramática devido a sua composição de pilha de detritos", disse o engenheiro de navegação do JPL e autor principal do estudo, Shantanu Naidu. "Ao medir a órbita pré e pós-impacto de Dimorfo, fomos capazes de deduzir a mudança na forma."

Dimorfo orbita outro asteroide, Dídimo —ambos não apresentam uma ameaça para a Terra.

Em 26 de setembro de 2022, a 11 milhões de quilômetros da Terra, a sonda Dart atingiu Dimorfo numa velocidade de 22.530 km/h. Antes do choque, o asteroide tinha cerca de 780 metros de diâmetro.

A colisão, que espalhou detritos pelo espaço, alterou o caminho orbital que Dimorfo faz ao redor de Dídimo —tornando-o elíptico em vez de circular.

Além disso, mudou o período orbital: o asteroide leva 11 horas, 22 minutos e 3 segundos para completar uma órbita, 33 minutos e 15 segundos a menos do que antes do impacto.

Chesley disse que o período orbital do asteroide continuou a diminuir lentamente nas semanas após o choque.

A distância orbital média de Dimorfo até Dídimo é agora de 1.152 metros, 37 metros a menos do que antes da colisão.

Os pesquisadores basearam suas conclusões na forma e órbita de Dimorfo em observações de telescópios terrestres sobre como a luz solar refletida nas superfícies dos dois asteroides mudou ao longo do tempo, dados de ondas de rádio refletidas nos asteroides e imagens obtidas pela sonda Dart.

Mais informações sobre os dois asteroides são esperadas em um futuro próximo. A sonda Hera, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), está programada para ser lançada em outubro e alcançá-los no final de 2026.

"Estamos ansiosos pela chegada da Hera, quando poderemos comparar nossa forma modelada com a obtida pelas imagens da Hera. Também aprenderemos quanto a órbita mudou desde a última vez que a observamos em 2023", disse Chesley.

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