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Boeing da Alaska Airlines perde janela em pleno voo, mas aterrissa sem vítimas

Companhia suspende voos com frota nova do modelo 737 Max após incidente, que tem histórico recente de problemas

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Reuters

O painel de uma janela de avião da Alaska Airlines modelo Boeing 737 Max 9 se rompeu durante o voo na noite desta sexta (5), obrigando a aeronave com 171 passageiros e 6 tripulantes a reduzir sua altitude e fazer um pouso de emergência.

Imagens nas redes sociais mostram passageiros utilizando máscaras de oxigênio e um dos painéis da lateral esquerda do avião aberto. Não houve feridos no episódio, e relatos apontam que o assento ao lado do painel que se soltou estava desocupado.

Aeronave da Alaska Airlines, modelo Boeing 737 Max 9, após perda de janela em voo; pouso de emergência foi feito em Portland
Aeronave da Alaska Airlines, modelo Boeing 737 Max 9, após perda de janela em voo; pouso de emergência foi feito em Portland - @strawberrvy no Instagram - 5.jan.2024/Reuters

Fotografias de passageiros mostram que a área afetada estava na parte do meio para trás do avião, depois da asa e das turbinas. A seção da fuselagem que se soltou parece ser de um local que costuma conter saídas de emergência, mas a Alaska Airlines não usa esse espaço para isso, e o local continha uma janela, em frente a um assento comum.

A companhia americana suspendeu 65 jatos que possui do modelo Boeing 737 Max 9 para verificações de segurança depois do ocorrido. O modelo já apresentou problemas que resultaram em acidentes com centenas de mortes na Etiópia e na Indonésia, em 2018 e 2019.

O CEO da empresa, Ben Minicucci, afirmou em comunicado que as aeronaves voltariam ao serviço somente após manutenção preventiva e inspeções de segurança, que ele esperava serem concluídas nos "próximos dias".

Em seguida, a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês) disse que suspenderá temporariamente algumas unidades do modelo Boeing 737 Max 9 para realizar inspeções antes de autorizá-los a voar novamente. A medida deve afetar 171 aeronaves em todo o mundo.

O voo da Alaska Airlines havia atingido 4.800 metros de altitude com destino à cidade de Ontario, na Califórnia, antes de retornar a Portland, no estado do Oregon, onde pousou em segurança. "Gostaríamos de descer", disse o piloto ao controle de tráfego aéreo, de acordo com uma gravação publicada no site liveatc.net, que transmite áudios de controle de tráfego aéreo.

"Estamos declarando uma emergência. Precisamos descer para 10.000 [pés, cerca de 3.000 metros]", afirmou o piloto, referindo-se à altitude para tais emergências, abaixo da qual a respiração é considerada possível para pessoas saudáveis sem oxigênio extra.

"Embora esse tipo de ocorrência seja raro, nossa tripulação de voo foi treinada e preparada para gerenciar a situação com segurança", disse a companhia.

A Junta Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA afirma que abriu investigação sobre o incidente. A FAA também diz que a tripulação relatou um problema de despressurização e que irá apurar o caso.

As aeronaves do modelo 737 Max 9 da Boeing foram entregues à Alaska Airlines no final de outubro e certificadas no início de novembro, de acordo com dados da administração federal.

"Estamos cientes do incidente envolvendo o voo 1282 da Alaska Airlines. Estamos trabalhando para obter mais informações e em contato com nosso cliente da companhia aérea", afirmou a fabricante por meio de comunicado.

"Sempre que você tem uma descompressão rápida como essa, é um grande evento de segurança", diz Anthony Brickhouse, especialista em segurança aérea da Universidade Aeronáutica Embry-Riddle.

"Não consigo imaginar o que esses passageiros experimentaram. Deve ter sido [um barulho] alto, com vento passando pela cabine. Foi uma situação provavelmente bastante violenta e definitivamente assustadora", afirma.

O incidente mostra a importância de os passageiros manterem os cintos de segurança afivelados enquanto estão sentados em um avião, mesmo que a luz do cinto de segurança esteja desligada, diz Brickhouse, observando que o sistema de máscara de oxigênio parece ter funcionado corretamente no caso.

Na semana passada, a Boeing disse ter pedido às companhias aéreas que inspecionassem todos os aviões 737 Max em busca de um possível parafuso solto no sistema de controle do leme. A FAA informou estar monitorando de perto as inspeções do modelo e que irá considerar ações adicionais se mais peças soltas ou ausentes forem encontradas no processo.

O 737 Max ficou parado por 20 meses em todo o mundo após dois acidentes fatais em 2018 e 2019, ligados a um software mal projetado da cabine de pilotagem, que mataram um total de 346 pessoas na Etiópia e na Indonésia. A Boeing ainda aguarda a certificação de seu modelo menor, o 737 Max 7, e do maior, Max 10.

A agência reguladora de aviação da China realizaria uma reunião de emergência para considerar uma resposta ante o incidente, incluindo uma possível suspensão da frota de modelos Boeing Max no país, segundo informou a Bloomberg neste sábado (6). O país asiático também teve um acidente, em 2022, com um Boeing 737, mas de outro modelo, o 737-800, e não da série 737 Max.

A FAA examinou cuidadosamente o modelo por anos, afirmando em 2021 que rastreava todos os aviões 737 Max usando dados de satélite.

A fuselagem para Boeings 737, o modelo mais popular da fabricante americana, é produzida pela Spirit AeroSystems, empresa sediada no estado do Kansas. Em agosto de 2023, a Boeing identificou um problema de qualidade envolvendo a Spirit que resultou em furos mal perfurados no painel traseiro de pressão. Procurada pela Reuters, a Spirit não retornou.

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