Descrição de chapéu Bloomberg Energia Limpa

Atrasos elevam custos do maior reator de fusão nuclear do mundo

Originalmente, expectativa era que Iter começasse seus testes em 2035, mas hoje não há mais data definida

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John Ainger Jonathan Tirone
Bloomberg

Os testes no maior experimento de energia de fusão nuclear do mundo serão adiados por anos, resultando em bilhões de dólares em custos adicionais. O revés é o mais novo em um projeto visto como extremamente caro.

O Reator Internacional Termonuclear Experimental (Iter, na sigla em inglês) tem sofrido problemas na cadeia de suprimentos que começaram durante a pandemia de Covid-19. Ele está sendo construído no sul da França por um consórcio de mais de 30 países e contará com mais de 1 milhão de peças.

Os atrasos aumentam as dúvidas sobre a possibilidade de a fusão se tornar uma fonte de energia limpa a tempo de combater os piores efeitos das mudanças climáticas neste século.

Um pessoa em primeiro plano usa um capacete azul e um colete de segurança amarelo. Ele estão olhando para cima, onde há uma estrutura circular metálica suspensa. A instalação é iluminada e possui várias estruturas metálicas e equipamentos ao redor.
Iter está sendo construído em Saint-Paul-lès-Durance, na França - Nicolas Tucat - 5.jan.22/AFP

"O atraso do Iter não está indo na direção certa", disse Pietro Barabaschi, diretor-geral do projeto, durante reunião nesta quarta (3). "Em relação ao impacto nos problemas que a humanidade enfrenta agora, não devemos esperar a fusão nuclear para resolvê-los. Isso não é prudente."

É a segunda vez em oito anos que o Iter precisa revisar seu orçamento e cronograma. Os testes completos do reator não começarão até 2039, um atraso de quatro anos em relação à estimativa anterior, de 2035.

Originalmente, a projeção era de que o Iter custaria cerca de US$ 5 bilhões (R$ 28,3 bilhões) e seus testes seriam iniciados em 2020. O orçamento já subiu para mais de US$ 22 bilhões (R$ 125 bilhões) e, hoje, não há data definida para os testes.

O volume de recursos adicionais ainda está sendo calculado e espera-se que o valor seja apresentado ainda neste ano.

Com o atraso, o projeto pode ser ultrapassado por testes financiados por empresas privadas, realizados pela Commonwealth Fusion Systems LLC e Tokamak Energy Ltd., que utilizam versões menores do mesmo reator e esperam começar a testar protótipos nesta década.

De forma resumida, a fusão nuclear ocorre quando dois núcleos de hidrogênio se fundem e formam um átomo de hélio. Isso só é possível quando as partículas estão a milhões de graus Celsius sob alta pressão. Quando o hélio se forma, o resultado são enormes quantidades de energia.

Barabaschi disse estar "muito cético" de que qualquer startup que prometa uma operação comercial até 2040 possa cumprir esse prazo.

"Mesmo que tivéssemos hoje a fusão termonuclear comprovada, eu não acredito que estaríamos em posição de implantá-la comercialmente até 2040", afirmou ele. "Temos que resolver uma série de outros problemas técnicos para torná-la comercialmente viável."

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