Trabalhou por 15 anos como sommelière nos EUA, Europa e Brasil. Hoje é proprietária do Ciclo das Vinhas - Escola do Vinho.
Chile tropical
No momento em que digitei o título da coluna me dei conta que ela poderia ser sobre vinhos para tomar nos trópicos. Não é esse o tema de hoje –não é uma má ideia, mas fica pra uma próxima coluna. Enfim, é que andei tomando vinhos tão perfumados esses dias que me veio a ideia de falar deles. O Chile tem muitas coisas legais, e vinhos exóticos não faltam.
Há vários fatores que fazem com que um vinho tenha certos aromas: a variedade de uva e o ambiente natural são fatores definitivos.
Das variedades, talvez a mais gritante em termos de aromas tropicais seja a sauvignon blanc. Ela dá muito aroma de maracujá e abacaxi. Se estiver em um clima mais quente, os aromas parecerão de frutas mais maduras e geleia. Se for um clima mais fresco, nos lembrará mais o maracujá bem fresco e um pouco de grama cortada.
A chardonnay, que é uma uva francesa extremamente versátil, não é a mais tropical de todas. Geralmente ela tem mais notas de maçã, pera e algo de mel. Mas, em regiões onde o verão é bem quente e seco, ela desenvolve notas mais opulentas e exuberantes.
A gewuztraminer, variedade alemã famosa pelos aromas pronunciados e pelo nome impronunciável é pura explosão aromática. Apesar de a nota floral (de rosas brancas) ser a principal, perfumes como lichia e tangerina são fáceis de encontrar.
E a tinta carmenère tende a dar uns aromas interessantes de goiaba, com sabores frutadões, fáceis de agradar.
Em termos de ambiente, o Chile, com seus diferentes climas e vales, permite que todas essas variedades atinjam níveis interessantes de expressividade. Em geral a sauvignon blanc e a gewurztraminer preferem climas mais frescos. Com isso, mantêm bons níveis de acidez e aromas mais frescos.
Já a chardonnay, que fica bem em climas frescos ou mais quentes, ganha, nesses últimos, notas sexies de abacaxi grelhadinho, meio caramelado, papaya e baunilha –esta última, principalmente, se tiver algum estágio em barricas de carvalho.
E a carmenère varia um pouco aromaticamente. Nos climas mais frescos lembra goiaba, mas se crescer em vales mais quentes dá uma nota suculenta de goiabada.
Tintos ou brancos, o vinho chileno lembra, sem sombra de dúvida um mercadão de frutas tropicais ricas e suculentas, perfeitos pra serem tomados sozinhos ou com comidinhas perfumadas.
Santa Carolina Chardonnay Reserva 2014
Super perfumado, com notas de abacaxi, coco, papaya e baunilha. Cheião, denso, bem encorpado
QUANTO R$ 70
ONDE Casa Flora; tel. (11) 3327-5167
Wave Series Sauvignon Blanc 2014
Maracujá, abacaxi e uma notinha salina. Muito cítrico, saboroso e refrescante
QUANTO R$ 50
ONDE Pão de Açúcar; paodeacucar.com.br
Adobe Reserva Gewurztraminer 2015
Bem floral e frutado com notas de pera bem madura e lichias. Na boca é delicado, com uma notinha doce, mas bem refrescante
QUANTO R$ 64,90
ONDE La Pastina; tel. (11) 3383-7400
Carmen Classic Carménère 2014
Não é clássico só no nome, esse vinho é a cara do Chile: aroma de goiabada e ameixas pretas. Frutado e fácil de tomar
QUANTO R$ 63
ONDE Mistral; tel. (11) 3372-3400
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade