É jornalista gastronômica, 'foodtrotter' e autora de 'Jantares de Mesa e Cama'. Escreve aos domingos, a cada duas semanas.
Bartender Alê D'Agostino deixa bar para lançar coquetéis engarrafados
Karime Xavier/Folhapress | ||
O bartender Alê D'Agostino |
O que faz o bartender Alê D'Agostino deixar o comando do bar de um restaurante icônico como o paulistano Spot depois de 18 anos de casa? Entre outras coisas, a vontade de lançar um negócio próprio, o Apothek Cocktails & Co., especializado em coquetéis engarrafados —tendência que vem ganhando cada vez mais força.
A partir de fevereiro, ele venderá negroni em quatro versões diferentes, boulevardier e old fashioned pré-mixados em garrafinhas seladas com cera, em uma loja física e on-line. "Ainda este ano lançaremos gim-tônica, dry martíni, manhattan e americano", diz. Seu maior concorrente, a Treze Cocktails —do bartender Fernando Lisboa e dois sócios—, está no mercado há dois anos e também vende coquetéis clássicos, como negronis, manhattans e godfathers, tanto pela internet como em locais seletos de São Paulo, como a Comedoria Gonzalez e o UnderDog Bar.
No bar Câmara Fria, em Moema, nem sequer há um bartender mixando drinques. Como o foco são as cervejas, seus únicos três coquetéis (long island iced tea e os onipresentes negroni e manhattan) são servidos em charmosos vasilhames vintage de cerveja.
O coquetel que mais se presta a ser engarrafado é o negroni, porque tende a ganhar novas camadas de sabor com o passar do tempo. Tanto assim que alguns bares —como o bar., o Tre e o Frank, em São Paulo— envelhecem-no em barricas (de diferentes madeiras), o que aporta notas abaunilhadas e um pálido dulçor.
Mas serão os coquetéis pré-mixados gostosos, além de práticos? Se sim, para que servem, então, os bartenders? Estariam se tornando obsoletos? D'Agostino argumenta que o coquetel "fresco" e o engarrafado se equivalem em qualidade (embora possam ter sabor ligeiramente diferente devido à oxidação), mas que a experiência no balcão de um bar é insubstituível. Concordo com ele. Metade da graça de tomar um drinque bem-feito está em observar o gestual do bartender, um ágil e elegante balé.
Em um bar, aprecio todo o ritual, do tilintar da bailarina girando numa jarra ou o vigoroso chacoalhar de uma coqueteleira às firulas na hora de decorar com twists e ervas. Mas em casa, onde reina o improviso, coquetéis em garrafinhas permitem receber amigos no piloto automático: é só gelar, abrir, verter e beber!
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