Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Descrição de chapéu kim jong un

O juízo final com Trump, Kim Jong-un e Nelson Cavaquinho

Crédito: Carolyn Kaster/Associated Press Robert Rosner, do Boletim dos Cientistas Atômicos, e Lawrence Krauss ajustam o relógio
Robert Rosner, do Boletim dos Cientistas Atômicos, e Lawrence Krauss ajustam o Relógio do Apocalipse

Com Donald Trump de um lado e Kim Jong-un de outro, não houve jeito: o Relógio do Apocalipse, que marca o quanto o planeta se aproxima da destruição, foi adiantado em 30 segundos na semana passada. Os ponteiros agora estão a dois minutos da meia-noite das trevas, o mesmo horário que indicava em 1953, no auge da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.

Criado em 1947 por cientistas americanos que trabalharam no projeto da bomba atômica, o relógio é uma metáfora da tensão mundial, recentemente agravada na Coreia do Norte, Índia, Paquistão e no mar ao sul da China. Desde que Trump foi eleito em 2016 e passou a fazer provocações e a escrever besteiras no Twitter, é a segunda vez que o medidor é ajustado. No início de suas atividades, ele marcava sete minutos para o fim dos tempos.

Autor do samba "Juízo Final" em parceria com Élcio Soares, Nelson Cavaquinho também viveu momentos de angústia diante do escoar das horas. No sofá de sua casa no subúrbio de Jardim América, ele acordou de um cochilo intranquilo. Sonhara que iria morrer às 3h da manhã. Em ponto. Ainda lhe restava pouco mais de uma hora. A coisa que mais lhe dava medo na vida era a morte. Ficou andando do quarto para a sala, daí para a cozinha e o quintal, sempre de olho esbugalhado no correr das setas do velho despertador.

Quando faltavam cinco minutos para o sonho se tornar realidade, Nelson pensou alto: "Eu não vou nessa!". Pegou o relógio e deu várias voltas no ponteiro para trás.

Depois ganhou a rua, carregando o violão, em busca de um botequim, pronto a transformar, como dizia Albino Pinheiro, qualquer um que estivesse a sua volta em público. Ao unhar as cordas de aço, cantou com a voz rascante: "É o juízo final/ A história do bem e do mal/ Quero ter olhos pra ver/ A maldade desaparecer".

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