Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu

O antigo JB

Livro recupera a trajetória do Jornal do Brasil, da fundação ao naufrágio

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Prédio que pertenceu ao Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, em 2011
Prédio que pertenceu ao Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, em 2011 - Rafael Andrade - 4.jul.11/Folhapress

Em fevereiro, quando uma edição impressa do Jornal do Brasil voltou a circular, mais do que encontrar novidades, bateu uma saudade. O projeto gráfico, com mudanças para pior no tipo de letra e espaçamento, recupera o visual dos anos 1980. Mas a viagem no túnel do tempo fica completa se você entrar na banca da esquina e pedir ao jornaleiro: “Por favor, me dá o JB”, frase que parecia impossível de se dizer novamente.

Quem experimentou esse biscoito proustiano deve ter cuidado ao ler “Até a Última Página” (Objetiva), de Cezar Motta. Porque dói n’alma. É uma reportagem alentada que reconstitui a trajetória do JB, da sua fundação em 1881 até o fim como jornal impresso em 2010.

Uma morte anunciada. Em 1992 o colunista Carlos Castello Branco já cantava a pedra: “É como um naufrágio de um grande navio: triste e lento”. Ainda mais profético foi o editor Fritz Utzeri. Ao deparar-se com o edifício-sede da avenida Brasil, 500, inaugurado em 1973 com concepção exagerada até mesmo para os padrões de países ricos, Utzeri comentou: “Aquilo ali parece um hospital, tem a localização perfeita para um hospital, e acho que vai acabar sendo um hospital”. Não deu outra. 

Expropriado para pagar dívidas fiscais, bancárias e trabalhistas que em 2001 chegavam a quase R$ 1 bilhão, o prédio de nove andares é hoje o Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia).

No livro, há perfis de jornalistas que fizeram a cara do JB: Janio de Freitas, Carlos Lemos, Alberto Dines, Zózimo Barrozo do Amaral, Millôr Fernandes, Oldemário Touguinhó. Estranhamente o fotógrafo Evandro Teixeira não é lembrado.

A reportagem termina quando o jornal foi arrendado ao empresário Nelson Tanure, conhecido como “coveiro de Gutenberg”. O autor considera que, a partir dali, o JB não era mais o mesmo. Virara um zumbi.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.