Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu

VAR, o craque da Copa

Arbitragem de vídeo rouba a cena na Rússia

O melhor da Copa até agora: o português Cristiano Ronaldo, d. Sebastião renascido, que marcou todos os quatro gols da sua seleção. E o drible espetacular, por baixo das pernas, que o zagueiro espanhol Gerard Piqué levou do atacante iraniano Vahid Amiri —a popular “caneta” ou “ovinho”, “rolinho”, “bueiro”, “janelinha”, “saia”, “barata”, a depender da região do país em que você tenha nascido e passado a infância. Um lance belo e cruel, como só o futebol pode oferecer. (Ah, sim, o Irã perdeu o jogo, mas e daí?)

No mais, o equilíbrio entre os times ou a tendência de jogos em que uma só equipe ataca e outra só se defende tem produzido um chorrilho de gols contra. Ou gols que resultam, direta ou indiretamente, de bola parada. Sobretudo, há excesso de pênaltis. A explicação é o VAR, real protagonista da Copa. 

Por enquanto, a Dinamarca é a maior vítima: um mesmo jogador, Yussuf Poulsen, teve dois penais marcados na conta dele, ambos flagrados com o auxílio do árbitro de vídeo. Contra a Suíça, o Brasil levou prejuízo com a engenhoca, que não viu o empurrão em Miranda e tampouco o agarrão em Gabriel Jesus (mas, como dizia João Saldanha, quem reclama já perdeu). Contra a Costa Rica, a turma do VAR não foi na onda de Neymar, péssimo ator na hora de cavar pênaltis. Por sorte, tínhamos Coutinho, que bate na bola com a classe de um Laurence Olivier.

A palavra final pertence ao árbitro de campo, mas ele, humano e falível, está diminuído diante da tecnologia. É angustiante saber que quatro pessoas, que se escondem numa sala longe do gramado, podem decidir um lance capital diante de monitores. Um suspense que não envolve só os 22 jogadores, mas milhões de pessoas ligadas em outros monitores mundo afora.  

O VAR não deve ser aceito como a Verdade com maiúscula. Nem sequer acabou com o velho clichê da imprensa esportiva: o pênalti marcado continua sendo “duvidoso”. 

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