Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Enganação maravilhosa

Sem investimentos, projeto na região portuária está à deriva

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Boulevard Olímpico, no Rio de Janeiro
Boulevard Olímpico, no Rio de Janeiro - Ricardo Borges - 6.ago.16/Folhapress

Desde o início a proposta era um desastre arquitetônico: plantar uma Dubai no Rio. A intervenção na zona portuária, que pretendia transformar espaços abandonados e precários em um centro turístico-financeiro, baseava-se na construção de prédios de até 50 andares, conjunto de torres no estilo do que fez da maior cidade dos Emirados Árabes um monumento à ostentação e ao mau gosto.

Vendido como uma parceria público-privada (PPP) em 2009, o negócio deu com os burros na água da baía de Guanabara, que fica ali em frente. O fracasso até poderia ser um sinal de sorte para os cariocas se não tivesse subtraído aos cofres públicos mais de R$ 280 milhões. Uma conta que ainda está barata, pois a previsão é custar muito mais à prefeitura. Para manter a área “revitalizada” —esse adorável eufemismo de linguagem—, será necessário gastar cerca de R$ 140 milhões anualmente.

É um enorme espaço na região central, mais ou menos equivalente a uma Copacabana inteira, a que deram o nome engana-bobo de Porto Maravilha. Tal um barco sem leme, está à deriva. O fundo imobiliário administrado pela Caixa Econômica Federal, que deveria financiar as obras de infraestrutura e manutenção (só dois túneis construídos, Rio 450 e Marcello Alencar, custam R$ 40 milhões por ano), está insolvente, sem condições de honrar o acordo. 

A PPP ainda teria de liberar, até 2026, cerca de R$ 4 bilhões, mas pelo jeito... Os investidores não apareceram, e a culpada, como sempre, é a crise.

Na vitrine do Porto Maravilha estava o ex-prefeito Eduardo Paes, hoje candidato a governador. O pepino acabou nas mãos de Marcelo Crivella, péssimo administrador que já deu prova de não gostar da cidade nem dos cariocas —prefere trabalhar para os fiéis do grupo religioso a que pertence. A sobrevivência do Boulevard Olímpico, que se tornou ponto obrigatório de visitação turística, está por um triz. Uma maravilha.   
 

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.