Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu Eleições 2018

O samba atravessou

Na disputa pelo governo do Rio, de bom mesmo só a saída de Pezão

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O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, no Palácio Guanabara, no Rio
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, no Palácio Guanabara, no Rio - Zô Guimarães - 24.jul.18/Folhapress

Eduardo Paes esperava uma eleição a governador em ritmo de desfile da Portela, daqueles que os especialistas definem como “tecnicamente perfeito”, além de empolgante. No fim apoteótico, o ex-prefeito faria uma evolução na avenida, chapéu de malandro na cabeça e sapato bicolor nos pés, mandando beijos para o povo em êxtase nas arquibancadas.

Mas o samba atravessou. Outro candidato invadiu a pista, um adversário até então desconhecido que começara a disputa com apenas 1% das intenções de voto. Um ex-juiz federal cujo sobrenome —Witzel— seus próprios eleitores têm dificuldade em pronunciar. Na campanha oficial, é só Wilson. Surfando na onda do jogo pesado da direita e com apoio de algumas igrejas evangélicas, ele liderou o primeiro turno com 41,3% dos votos válidos. 

O enredo de Paes é confuso. Obrigado a trocar de partido, sua imagem ainda está fortemente ligada ao antigo PMDB, cujas administrações e tramoias faliram o Estado. Também é difícil de esquecer sua estreita relação com o ex-presidente Lula, da qual ficaram telefonemas gravados que são, no mínimo, incômodos em um cenário tão antipetista como o atual. Sem falar na investigação em curso que envolve o candidato do DEM no recebimento de propina em grandes obras realizadas na capital.

Aos poucos, Witzel (PSC) tem se revelado com maior clareza. Recebia auxílio-moradia, mas tinha imóvel próprio. Seu salário ultrapassava o teto constitucional e, dando risada, aparece numa gravação ensinando aos colegas como tornar legais penduricalhos e gambiarras. Ameaçou dar voz de prisão a Paes durante um debate. A obsessão pela pauta do crime o fez prometer que a Polícia Militar não terá supervisão civil. Seu gesto favorito é bater continência. Até para o guarda da esquina. 

Alegria só com a saída de Pezão, que entra para a história como um dos piores governadores do Rio. Aguardemos o próximo.  

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