Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

O desenho da morte

Na Alerj, deputados querem andar armados. Como os milicianos da Muzema

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Sessão na Alerj na última quarta-feira (10)
Sessão na Alerj na última quarta-feira (10) - Thiago Lontra/Alerj

Era uma sexta-feira, 13. Setembro de 1957. Cerca de 1.200 tiros foram disparados, durante dez minutos, no plenário da Assembleia Legislativa de Alagoas, durante a votação do impeachment do governador Muniz Falcão, que era acusado de comunista por grandes proprietários rurais. O tiroteio matou um deputado e feriu oito pessoas, entre as quais o jovem repórter Márcio Moreira Alves, enviado especial do jornal Correio da Manhã.

O cineasta e jornalista Jorge Oliveira, que reproduziu o dia de fúria e intolerância no livro “O Curral da Morte” (Record, 2010), nota que, se olharmos com atenção o mapa de Alagoas, veremos que ele tem o formato de um pistola: a coronha ao norte, o cano aponta para o sertão pernambucano e o gatilho fica em Palmeiras dos Índios, cidade da qual o escritor Graciliano Ramos foi prefeito entre 1928 e 1930.

Pois agora é o Brasil, e em especial o Rio de Janeiro, que quer assumir o desenho e a ação das armas. Lembrei o episódio do bangue-bangue alagoano —como também o senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente Fernando Collor, que em 1963 disparou contra um adversário, errou o alvo e matou um colega, dentro do Congresso— ao saber que a Assembleia Legislativa do Rio aprovou o porte de armas para deputados.

O projeto de lei precisa ser aprovado pelo governador Wilson Witzel —e ele parece simpático à ideia. Na atual legislatura, a Alerj, entre outros despautérios, criou uma verba de gabinete para os 70 parlamentares no valor de R$ 26,8 mil, pagos além dos salários, e conseguiu dar posse a cinco deputados que estão presos por suspeita de corrupção (será que eles terão direito a portar armas na cadeia?).

Foi no Palácio Tiradentes que o ex-PM Adriano da Nóbrega foi homenageado pelo então deputado Flávio Bolsonaro. Chamado de “Patrãozão”, Nóbrega comanda, com o poder das armas, a milícia responsável pela tragédia da Muzema.

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