Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Alvaro Costa e Silva

Milagre: a cidade reage

Vacinação em massa em Paquetá e reabertura do Museu Histórico mostram que a vida no Rio pode voltar

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Quando a prefeitura faz o certo, é preciso aplaudir ou ao menos registrar. A escolha de Paquetá para um experimento em meio à pandemia —a vacinação dos 3.530 adultos que lá moram, prevista para o dia 20 de junho— poderá avaliar como a imunização em massa atua na proteção de quem não foi vacinado, como crianças e adolescentes, e até que ponto a primeira dose age para evitar a transmissão do vírus. Gol da ciência.

Ilha que é um bairro com árvores centenárias e pássaros silvestres, bairro que é uma ilha em forma de ampulheta e extensão de dois quilômetros, Paquetá é um território escondido no fundo da baía de Guanabara e da memória dos cariocas que pegavam a barca Imbuhy para veranear. Seus moradores viveram largados nos últimos anos, turismo em baixa, transporte caótico, abandono. Que a vacinação seja sintoma de dias melhores. Até o Lucas Paquetá anda marcando gols na seleção.

Outra bola dentro foi a reabertura do palacete do Museu Histórico da Cidade, depois de dez anos sem visitação. Isso mesmo: dez anos. Tantas coisas fecharam no Rio —bares, restaurantes, casas de shows, inferninhos, livrarias, butiques, cinemas— que a gente nem acredita que o solar do início do século 19 teve a fachada e o interior restaurados e está abrigando uma exposição com 482 peças do seu acervo.

O solar fica no Parque da Cidade, na Gávea. Foi ali que, no fim dos anos 70, assisti a um dos melhores shows da minha vida. Na verdade, uma jam session que reuniu numa manhã de domingo só as feras: Copinha, Abel Ferreira, Dino Sete Cordas, César Faria, Jorginho do Pandeiro, Déo Rian, o maravilhoso Jonas da Silva no cavaquinho.

A garotada sentou no chão do palacete, esticando o pescoço para os músicos e babando. Num momento de silêncio, Paulo Moura dobrou o corpo e soprou o clarinete praticamente na minha cara. Com o susto, caí para trás, no meu batismo no choro.

A ilha de Paquetá, na baía de Guanabara - Ricardo Borges/Folhapress

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.