Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Bolsonaristas começam a rezar para evitar o impeachment

Era preferível que o movimento de hoje não fosse uma espécie de vale a pena protestar de novo

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Há um cheiro de Collor no ar. Tão forte que é possível imaginar, nos protestos deste sábado (3), a presença de caras-pintadas. Ou de manifestantes vestidos de preto, como no histórico Domingo Negro em agosto de 1992. Para completar o déjà vu é capaz de a TV Globo reprisar em horário nobre a série “Anos Rebeldes”. E a canção “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso, figurar entre as mais baixadas.

Era preferível que o movimento de hoje não fosse uma espécie de vale a pena protestar de novo. Tivesse uma estética diferente; sobretudo fortificasse alianças e indicasse soluções para o país. Mas o objetivo —agora e no passado— é o mesmo: mudar uma estrutura de poder disfuncional. Para isso, é preciso afastar Bolsonaro e seus asseclas.

O superpedido de impeachment, protocolado pela oposição e pelos movimentos sociais, tem um caminho complicado até conseguir o apoio da maioria na Câmara dos Deputados. Mas é uma novidade e tanto, inimaginável três meses atrás, reunindo num único palco políticos tão díspares como Gleise Hoffmann e Kim Kataguiri. O problema é o que pode sair desse saco de gatos.

Com as seguidas denúncias de corrupção em contratos de vacinas envolvendo o Ministério da Saúde, o Planalto se esforça para manter o presidente longe da lama dos escândalos. Tarefa impossível. Nem a horda bolsonarista aguenta mais engolir “narrativas”. Depois de dizer que Bolsonaro não rouba nem deixa roubar, a deputada Carla Zambelli mudou o discurso no dia seguinte: “Na época do mensalão, centenas de deputados recebiam. A proporção agora é completamente diferente”. Eis um belo conceito, o da corrupção proporcional.

Zambelli perdeu a pose de ruiva malévola e surgiu chorosa num vídeo pedindo orações para salvar o governo. O conselho é começar pela Oração de Adeus (João 17:1-26), proferida após a Última Ceia. Leva a vantagem de ser a mais longa do Evangelho.

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