Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Dia da dependência

O golpe, se ocorrer, será um dos únicos da história feito às claras, com conhecimento da população e das instituições

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Como já havia acontecido com a camisa da seleção —um dos emblemas da “pátria em chuteiras”, na expressão de Nelson Rodrigues, e que hoje se transformou em símbolo do bolsonarismo—, o Sete de Setembro foi sequestrado. Não haverá o tradicional desfile cívico-militar, cujo ponto alto, ao menos para mim, eram as acrobacias da Esquadrilha da Fumaça. Não se exibirá pela enésima vez o filme “Independência ou Morte”, que de lambuja seria uma homenagem póstuma ao ator Tarcísio Meira com suas suíças à dom Pedro.

O Dia da Independência virou um ato de dependência. Bolsonaro convocou uma manifestação a seu favor com todas as características de um ensaio de golpe. Ou do golpe propriamente dito. O qual, se ocorrer, será um dos primeiros da história dado ao conhecimento geral da população e das instituições, com dia e hora marcados, nome e sobrenome dos conspiradores.

Não há o que festejar nas ações do governo, que despenca em popularidade e se agarra a mentiras divulgadas nas redes sociais. Então se prepara uma baderna, com aval dos generais que aceitaram fazer parte da aventura recebendo altos salários. Que tal invadir o STF? Fechar Senado e Câmara? Talvez assim as coisas melhorem e Bolsonaro possa assumir o cargo de generalíssimo. Eis a lógica de quem está bancando os “protestos”, sobretudo empresários ruralistas e varejistas e pastores evangélicos, além da máquina de ódio que funciona dentro do Palácio da Alvorada.

A mobilização de tropas da PM para o ato no feriado nacional é o ingrediente explosivo desse caldo. Insufladas por Bolsonaro, não é de hoje que as forças auxiliares agem à revelia de governadores, achando-se no direito de organizar motins por aumento de salário. E agora de fazer manifestações políticas na rua. Irão armados?
O clima de nuvens negras estaria mais sereno se, em maio, o Exército tivesse punido o general Pazuello por ter virado um reles cabo eleitoral.

Esquadrilha da Fumaça durante apresentação em Toledo (PR), em 2017 - Claudio Gonçalves - 4.jun.2017/Folhapress

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