Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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No cercadinho, Bolsonaro já está reeleito

Para os defensores da liberdade, apoiar uma farsa não tem nada de mais

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O cercadinho do Alvorada é um exemplo acabado de farsa política. O primeiro a denunciá-la foi um imigrante haitiano, herói anônimo, que em março de 2020 sentenciou: "Bolsonaro, acabou. Você não é presidente mais. Você está espalhando o vírus e vai matar os brasileiros". Quem dera o país o tivesse ouvido na época e não esperado até agora para desalojar a trupe circense que ocupa o palácio.

Imigrante haitiano afirmando para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que o governo dele acabou
Imigrante haitiano diz para Bolsonaro que o governo dele acabou - 17.mar.2020/Reprodução

A área de entrevistas e conversas com apoiadores funcionou como palco para dar visibilidade e manter viva a popularidade do presidente, conquistada nas eleições de 2018, mas que começou a decair desde os primeiros atos do governo e sobretudo ao ter início o combate à pandemia --desastroso e criminoso.

Daí que perguntas fora do script eram desconsideradas ou rechaçadas com violência. Dono do espetáculo, o capitão chegou a açular seus devotos contra jornalistas, agredidos verbal e fisicamente. No início deste ano, após ser confrontado por uma estudante --"O senhor é uma farsa", disse ela, apontando uma verdade àquela altura já descoberta por grande parte da população--, Bolsonaro passou a conceder entrevistas só para veículos aliados, numa área protegida por lonas. O circo ficou completo.

O furo de Gabriela Biló e Ranier Bragon revelou uma das pontas da fraude não protegida por sigilo de cem anos. Se cavoucar mais, desmancha-se o novelo. Havia no cercadinho uma claque não só de pessoas apatetadas como também de ensaiadas e pagas. Para perguntar levantando a bola para o mito, um publicitário recebeu R$ 1.100 —bem menos que o salário dos generais golpistas ou a grana do orçamento secreto.

Na cartilha dos "defensores da liberdade", combinar perguntas e respostas é do jogo; assim como desacreditar todas as pesquisas que ousem mostrar o governo não vencendo a eleição no primeiro turno. Aliás, votar para quê? No curralzinho, Bolsonaro está reeleito e não se fala mais nisso.

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