Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

O bolsonarismo hoje é um bicho acuado

A escalada da violência é mais provável do que um golpe contra as instituições

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Diante do cinismo que impera no Brasil, a notícia passa despercebida, não há mais surpresa ou novidade: candidatos alinhados a Bolsonaro têm usado estandes de tiro para fazer campanha. Entre eles estão ex-ministros do governo e o presidente da Câmara dos Deputados, um dos donos do centrão e maior aliado do presidente.

No início do mês, Arthur Lira esteve em Arapiraca, pegou uma espingarda de cano longo, efetuou disparos e prometeu abrir seu gabinete para a pauta armamentista. Nenhuma palavra sobre "matar a fome" em Alagoas, seu estado de origem, onde 36,7% das pessoas não têm acesso a alimentos em quantidade suficiente, segundo recente pesquisa. Três em cada dez famílias passam fome no país; são 125,2 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar.

Propaganda da ida de Arthur Lira a clube de tiro
Arthur Lira em encontro com CACs em clube de tiro de Arapiraca (AL) - Redes sociais

No entanto, o armamento da população continua sendo uma das maiores bandeiras eleitorais de Bolsonaro. No Brasil do Paulo Guedes, abrir clubes de tiro virou um negócio da China. Com a flexibilização das normas, o número deles cresceu 1.162%. Nas mãos de caçadores, atiradores e colecionadores, há mais de 1 milhão de armas. Quantas já estão em poder de traficantes e milicianos, não se sabe.

O quadro insólito levou o ministro Edson Fachin, do STF, a suspender, em decisão liminar, decretos do presidente sobre armas e munições, tendo como justificativa a crescente violência política. Em resposta, o deputado Eduardo Bolsonaro fez no Twitter uma convocação ao uso da força: "Você comprou arma legal?

Tem clube de tiro ou frequenta algum? Então você tem de se transformar num voluntário de Bolsonaro".
Uma eletricidade de ódio percorre o país. O Datafolha aponta que 67,5% dos entrevistados temem ser agredidos por sua escolha partidária. A escalada da violência —na ação de lobos solitários ou de forma organizada— é mais provável hoje do que um golpe contra as instituições. O voto encurralou o bolsonarismo.

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