Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu forças armadas

Bolsonaro nas águas turvas do Congresso

Movimento para minar o poder do STF é aliado do ex-presidente

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O "passar a borracha em tudo" —lema do golpista cujo golpe de Estado fracassou, apesar da conspiração e das tentativas de execução— é menos um pedido de arrego que a certeza de que parte singular do Congresso navega nas mesmas águas turvas.

Em outubro do ano passado, o general Hamilton Mourão apresentou no Senado projeto de lei propondo anistia para acusados e condenados pela insurreição fascista que depredou as sedes dos Três Poderes. Mesmo afastado do círculo íntimo do ex-presidente, Mourão jamais escondeu suas simpatias autocráticas. O projeto está em consulta popular, e direita e esquerda digladiam-se nas redes para ter a maioria.

Os generais Augusto Heleno, Hamilton Mourão e Walter Braga Netto - Gabriela Biló/Folhapress; Pedro Ladeira/Folhapress; José Dias/PR

O movimento para minar o poder do Supremo trabalha a favor de Bolsonaro e de seus ministros e militares golpistas. Articuladas pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, circulam duas propostas: o fim do foro especial e a determinação de que medidas judiciais contra parlamentares só possam ocorrer após aval da Mesa Diretora das duas Casas. O obstáculo é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que é contra a PEC da Blindagem.

O capitão está atacando a carne ainda crua, hábito nada recomendável para quem se submeteu a quatro cirurgias —e poderá fazer uma quinta— na região intestinal. Primeiro, ele terá de esperar o fim das apurações da Polícia Federal. Depois, a acusação da Procuradoria-Geral da República. E, só então, o julgamento do STF. Até o Lula percebeu tal açodamento.

No ato da avenida Paulista —que reuniu um público digno de clássico no Maracanã dos anos 1960 ou cerca de 20% dos foliões que o Cordão da Bola Preta arrasta no Carnaval—, Bolsonaro pediu anistia para si próprio. Ou seja, assumiu sua culpa diante da multidão que no fundo tinha a certeza de que ele não era inocente. Causou menos efeito que o discurso com lágrimas da ex-primeira-dama Michelle conclamando a instalação de uma teocracia no país.

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