É consultor de empresas e palestrante há mais de 20 anos.
Escreve aos domingos, mensalmente.
Funcionário competente deve ser premiado, mas não precisa virar chefe
Metas duras, corte de custos, reclamações de clientes, demissões de colegas, excesso de trabalho: em épocas de crise, as empresas podem se tornar ambientes ainda mais hostis do que normalmente já são. Portanto, é justamente nesse momento que a figura do líder se torna ainda mais importante.
Aquele que se coloca à frente da equipe assume riscos, apresenta novas ideias, indica caminhos, oferece ajuda, trabalha em nome do grupo. Esse é o verdadeiro líder.
A crise atual trouxe muitos problemas para as empresas. Mas uma das questões mais graves que ela escancarou foi a baixa qualidade da liderança —e a angústia que essa ausência provoca nas equipes.
As pessoas estão inseguras, perdidas e paranoicas. Sem um bom líder no comando, a confiança e a cooperação desaparecem.
A meu ver, uma das causas da má qualidade da liderança está nos critérios de promoção. Cada vez mais, a única régua usada para medir o desempenho do funcionário é a meta. Assim, quem atinge a meta não apenas ganha bônus como se qualifica para ocupar cargos de chefia.
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Parece justo, mas esse modelo esconde uma falha. É evidente que uma pessoa competente precisa ser bem remunerada e premiada. Ninguém questiona isso. Só não precisa necessariamente ser promovida a chefe. Há outros caminhos para ascender na carreira.
O melhor vendedor deve ter a melhor remuneração da equipe de vendas, mas não tem necessariamente de ser o líder desse time. A liderança deve ser ocupada por aquele com maior capacidade de melhorar a performance de toda a equipe, e não apenas de si mesmo.
Pela lógica torta da maioria dos negócios, porém, o melhor vendedor será promovido a chefe, mesmo que não tenha as características básicas que um bom líder precisa ter.
Ao fazer isso, a empresa comete pelo menos três erros. Em primeiro lugar, compromete o desempenho de seu melhor vendedor, que agora estará ocupado com outras tarefas. Depois, cria um chefe inábil, que não vai ajudar ninguém a vender mais e ainda culpará a equipe pelos maus resultados.
Por fim, ao promover alguém baseado apenas na conquista de metas, a empresa ainda mostra que o que importa mesmo são os resultados. Todos percebem que, na prática, as atitudes que demonstram confiança, cooperação e respeito não são realmente apreciadas.
Valorizar apenas as metas, promover pessoas sem considerar competências comportamentais e transformar ótimos profissionais em péssimos chefes: essa é a fórmula para criar um ambiente de trabalho hostil e inibir a formação de verdadeiros líderes.
É preciso fazer o contrário disso para reverter a crise de liderança nas empresas.
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