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Negociações do 'brexit' empacam e geram medo

Em vez de resolverem o problema, os dois lados cada vez batem o pé com mais força

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O Reino Unido vai deixar oficialmente a União Europeia em apenas seis meses, mas as negociações do “brexit” andam cada vez mais bagunçadas e surreais.

Ninguém faz a menor ideia se os dois lados conseguirão de fato fazer um acordo amigável para a separação até o dia 29 de março de 2019.

É bem possível que não.

Na semana passada, a primeira-ministra Theresa May não conseguiu convencer os líderes europeus a aceitarem a mais recente proposta de divórcio britânica –que incluía a criação de uma união aduaneira para evitar a desastrosa instalação de uma nova fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte (que faz parte do Reino Unido).

A primeira-ministra britânica Theresa May (de vermelho) com outros chefes de governo europeu durante encontro na Áustria para debater o "brexit"
A primeira-ministra britânica Theresa May (de vermelho) com outros chefes de governo europeu durante encontro na Áustria para debater o "brexit" - Leonhard Foeger- 20.set.18/Reuters

Com isso, as negociações empacaram. De novo.

O pior é que ao invés de tentar resolver o problema, os dois lados passaram a bater o pé com mais força.

Os líderes europeus, fazendo piadas pelas redes sociais. Os britânicos, acusando a União Europeia de falta de respeito com a ilha e dizendo que vão para o combate.

Theresa May voltou a insistir, então, que é melhor deixar a União Europeia sem acordo nenhum do que com um acordo ruim.

Nada animador...

Com tudo isso, muitos britânicos estão perdendo o otimismo e começando a ficar com medo genuíno das consequências do “brexit”.

Afinal, eles são bombardeados todo santo dia com manchetes alarmistas como as seguintes:

  • Falta de acordo com a União Europeia levará a milhares de demissões
  • Sua casa vai perder um terço do valor depois do “brexit”
  • Centenas de empresas vão transferir operações do Reino Unido para a Europa
  • Libra esterlina vai sofrer maxidesvalorização se não houver acordo com a UE

É realmente assustador. E talvez parte dessas manchetes de fato vire realidade.

Afinal, alguns setores da economia britânica já vem sofrendo moderadamente desde o referendo que decidiu pela saída do bloco europeu, em 2016.

Mas, por outro lado, o país continua dando sinais de resiliência, registrando a menor taxa de desemprego em mais de 40 anos (4%) e juros ainda muito baixos (0,75%, vejam que maravilha!).

De qualquer forma, sabe-se que uma saída sem acordo tem potencial para piorar muito o cenário geral.

Para complicar ainda mais, pesquisas de opinião mostram que se houvesse um novo referendo hoje o “brexit” poderia ser derrotado por uma pequena margem –exatamente o inverso do que aconteceu em 2016.

Isso mostra que o país continua dividido e polarizado.

O medo, nesse contexto, só vai ajudar a aumentar essa polarização.


 

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