Ana Cristina Rosa

Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Ana Cristina Rosa

Aparecida e a diversidade

O respeito às diferenças é o que fará do Brasil uma grande nação

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Numa pátria de maioria negra, faz sentido que Nossa Senhora Aparecida, que é representada por uma imagem preta, seja a padroeira do Brasil, de Brasília e da Catedral Metropolitana da capital federal. O fato, porém, denota a complexidade da sociedade brasileira quando se considera que este é um país que segrega, discrimina e decide o destino das pessoas pela cor da pele desde o período colonial.

Em dez dias, a fé em Aparecida levou mais de 270 mil pessoas, de várias etnias, ao Santuário Nacional no interior de SP. Tinha gente agradecendo toda sorte de graça, sobretudo trabalho e saúde, verdadeiras bênçãos numa nação onde milhões estão desempregados e a morte de mais de 600 mil pessoas pela Covid-19 ainda não foi o suficiente para sensibilizar todas as autoridades sobre a importância da vacina e do uso da máscara.

 Réplica da estátua de Nossa Senhora Aparecida encontrada por pescadores no rio Paraíba há 300 anos
Réplica da estátua de Nossa Senhora Aparecida encontrada por pescadores no rio Paraíba há 300 anos - Lalo de Almeida - 3.out.2017/Folhapress

Em Brasília, na icônica catedral projetada por Oscar Niemeyer, a missa celebrada pelo arcebispo dom Paulo Cezar chamou a atenção pelo perfil heterogêneo do público e pela lição ministrada pelo religioso sobre o que é ser verdadeiramente cristão. “O que Aparecida nos mostra é que a diversidade é uma riqueza, não pode gerar ódio e deve conduzir à comunhão. Que Nossa Senhora nos ajude a construir pontes num momento em que o país se encontra dividido e polarizado.”

Está aí um sermão que deveria ter sido ouvido por muita gente. Afinal, apesar de ser diverso e multicultural, o Brasil é excludente e preconceituoso, o que para além de todo o mal que isso causa às pessoas, prejudica a economia à medida que restringe o repertório de soluções com que se pode contar.

Mas até que ponto a igreja domina a lição sobre diversidade que está pregando? Por que não se posiciona de maneira assertiva contra atos que ferem o direito constitucional à liberdade de crença, como os ataques a religiões de matriz africana? Como disse o arcebispo do DF na liturgia, “é no todo que se manifesta a beleza de Deus e a de sermos uma grande pátria”.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.