Semana passada, no fim de uma reunião por videoconferência com pessoas das cinco regiões do país, uma das participantes fez o seguinte desabafo: “Gente, não aguento mais a pandemia. Tô me sentindo naquele desenho animado, ‘Caverna do Dragão’”.
Em meio a risos e olhares de surpresa, completou o raciocínio. “Quando a gente pensa que está perto de voltar à vida normal, aparece um monstro horroroso, nos vemos às voltas com uma nova cepa, uma outra onda da pandemia”, arrematou, comparando a Covid-19 ao Vingador, vilão do cartoon da década de 1980.
A alusão soou apropriada a este momento em que as expectativas de retomada imediata do que conhecíamos como vida normal encontram-se ameaçadas pela variante delta do coronavírus em vários países, que tiveram de recuar na flexibilização das restrições para conter a crise sanitária.
Para quem não lembra ou não sabe, em “Caverna do Dragão” seis jovens vão parar num universo paralelo e o objetivo do grupo é voltar para o mundo de origem. Porém, sempre que estão prestes a atingir o objetivo e retomar suas vidas surge um impedimento que os mantém presos.
Tragicamente, o Brasil já ultrapassou a marca dos 556 mil mortos por Covid-19. Verdade que o número de casos com vítimas fatais está em declínio. É um efeito positivo da vacinação, que como sabemos vem sendo efetivada a conta-gotas e resultou na imunização completa de cerca de 20% dos brasileiros até o momento.
Mas a situação segue crítica. Não dá para naturalizar uma média diária de mortes pelo coronavírus que se mantém próxima à casa dos mil. O total de óbitos no último mês foi maior que o de julho do ano passado —que foi o pior mês da pandemia no país em 2020.
Além disso, especialistas alertam para o risco de o ganho obtido com a vacinação vir a ser impactado por uma espécie de “liberou geral” em meio às incertezas sobre o estrago que a variante delta, que é mais contagiosa, pode causar por aqui. Olha a “Caverna do Dragão” aí, gente!
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