O LinkedIn optou por seguir a contramão da tendência de promoção da diversidade e da equidade racial no mercado de trabalho nacional e retirou do ar anúncio de emprego que, como forma de ação afirmativa, prioriza pessoas negras e indígenas.
Segundo a rede social de networking e carreira, tais anúncios são discriminatórios e atentam contra sua política de publicação, que veda qualquer "demonstração de preferência" por profissionais com determinados requisitos relacionados a características individuais. Nem pagando pelo serviço é possível realizar recortes raciais nos bancos de talentos.
Num contexto em que a tecnologia ocupa cada vez mais espaço na tomada de decisões, não é difícil mensurar o impacto da medida. Tanto que empresas e entidades reagiram. Muitas firmaram um Manifesto Empresarial em Defesa da Ação Afirmativa e a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial pediu explicações à rede.
Processos de recrutamento e seleção com base em ações afirmativas encontram respaldo legal na Constituição, no Estatuto da Igualdade Racial, na Convenção Interamericana Contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância, em Notas Técnicas do MPT, entre outros diplomas.
Não por acaso, o Ministério Público Federal e o Procon-SP notificaram a plataforma. Além disso, ação civil pública foi movida pela Educafro e pelo Centro Santo Dias de Direitos Humanos pedindo indenização por danos morais coletivos.
Se o LinkedIn não quer se somar aos esforços em prol da construção de um Brasil menos desigual, que ao menos não atrapalhe.
Ações afirmativas são medidas urgentes num país injusto como o Brasil, onde negros com ensino superior recebem 30% a menos do que brancos com a mesma formação e, na pandemia, a taxa de desocupação de pretos foi 58% superior. Aos que refutam sua validade, pergunto: numa sociedade racista e preconceituosa, exigir "boa aparência" como requisito para vaga de trabalho é demonstração do quê?
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