O que a maior parte dos brasileiros espera das eleições gerais de 2022 é a possibilidade de exercer plenamente o direito à cidadania. É por isso que, depois de mais de 350 anos de jugo, humilhação e desigualdade lastreados na cor da pele, o Brasil não pode continuar a tratar o racismo como tema secundário.
Na nação mais negra fora da África, de maioria autodeclarada preta e parda, um projeto democrático precisa reconhecer e enfrentar os efeitos nocivos da desigualdade racial como fator estruturante de uma sociedade. Esse é um recado claro das urnas.
Como pensar em perspectiva de futuro com milhões passando fome, a esmolar pelas ruas, sem moradia, trabalho ou acesso à educação, ou seja, sem um mínimo de dignidade?
Por séculos fomos ludibriados pelo mito da democracia racial, porém não é possível seguir naturalizando violações impostas a pessoas negras pelo fato de serem negras!
O reconhecimento social a ações afirmativas como a Lei de Cotas, que tem o apoio de metade da população, é um balizador do caminho a ser seguido em termos de políticas públicas.
É imperativo acabar com a matança de jovens e de crianças pretos por ação de forças de segurança; dar um basta nas chacinas em favelas e periferias; fortalecer o sistema de saúde; investir em educação.
A equidade racial, tema dos mais relevantes, terá de ser encarada como prioridade para a reestruturação de uma pátria tão diversa. Os movimentos sociais negros já demostraram que estão organizados para cobrar essa fatura.
O Brasil não seria o Brasil sem os negros —incontáveis vezes tratados como seres descartáveis.
Como sustentam Convergência Negra, Movimento Negro Unificado, Educafro, Movimento de Mulheres Negras, Coalizão Negra por Direitos, para citar alguns exemplos, "não se trata de um projeto de Brasil para os negros, e sim de um projeto do movimento negro para o Brasil".
O que os negros querem é um país justo e igualitário —para todos.
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