Antonio Delfim Netto

Economista, ex-ministro da Fazenda (1967-1974). É autor de “O Problema do Café no Brasil”.

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Antonio Delfim Netto

O papel da imprensa

Papel de informar deve ser exercício apartidário, independente e tão objetivo quanto possível

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Thomas Jefferson dizia que, se lhe coubesse decidir entre ter um governo sem ter jornais ou ter jornais sem ter um governo, não hesitaria um momento sequer em escolher o último, tamanha a importância que atribuía à imprensa livre para a construção e manutenção de uma sociedade civilizada. Não por acaso, a liberdade de imprensa figura, ao lado da liberdade de expressão, logo na primeira emenda da Constituição americana de 1787.

A nossa Constituição de 88 consagrou a liberdade de imprensa no artigo 220: "A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição", e ainda "Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social", no parágrafo primeiro do mesmo artigo.

A imprensa, pedra angular da democracia, tem o papel de informar os cidadãos, mas não só. É ela que mantém "accountable" os Poderes e as instituições; que investiga, revela e traz à luz do dia os fatos e as verdades inconvenientes. Qualquer turbulência eventual que esse processo possa trazer no curto prazo, ela se esvai no constante fortalecimento das instituições ao longo do tempo.

Por fim, mas não menos importante, o papel de informar deve ser um exercício apartidário, independente e tão objetivo quanto possível. Nos tempos das fake news e da cultura do cancelamento —à esquerda e à direita—, o jornalismo deve ser fiel à sua bússola e não perder de vista a sua missão.

É nesse contexto que celebramos o centenário desta Folha, na qual tenho a honra de contribuir como colunista desde agosto de 1986, a convite de um grande brasileiro, Octavio Frias de Oliveira. A Folha sempre teve o cuidado de promover o debate a partir de visões distintas de mundo, para despertar o espírito crítico de seus leitores, fundamental na livre circulação das ideias.

Ao longo desses últimos 35 anos, pude participar junto com a Folha de sua extraordinária progressão, que atingiu uma análise dura, mas isenta. O país evoluiu de maneira formidável neste período, com a incorporação das Forças Armadas na democracia, a promulgação da Constituição de 88, com seus erros e acertos, e a consagração do período democrático, com eleições livres, avanços econômicos, sociais e institucionais que por vezes perdemos de vista frente aos ruídos da realidade instantânea.

Um viva para a Folha de S.Paulo, que tanto contribuiu e tanto há de contribuir com o Brasil ao cumprir com distinção todos os papéis que cabem à imprensa.

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