A busca pela fonte da juventude é tão antiga quanto a humanidade. Mas parece que estamos chegando lá. Pelo menos é o que garante o americano Bryan Johnson, de 45 anos, que disse ter recentemente descoberto o elixir da juventude. Segundo ele, que se autodenomina "atleta profissional de rejuvenescimento", sua idade biológica já retrocedeu 5 anos. Mas ele quer mais: sua meta é voltar a ter um corpo de 18 anos. Talvez um dia ele chegue a ser um Brad Bitt da vida, nem que seja para encarnar seu personagem em "O Curioso Caso de Benjamin Button", cujo relógio biológico anda para trás até chegar à idade de um feto.
Vamos à sua fórmula mágica. O primeiro passo é ter dinheiro, muito dinheiro. Nosso galã do rejuvenescimento gasta algo como 2 milhões de dólares por ano na sua investida, que ele prefere chamar de "investimento". Em vez de aproveitar a vida, ele usa esse dinheiro para postergá-la. Vive uma rotina espartana, toma dezenas de suplementos e remédios, para se "curar" do envelhecimento. Está cercado de trinta médicos que regularmente analisam seus exames de sangue, fezes, ressonâncias, ultrassonografias e colonoscopias. E como a vaidade não mora apenas nos órgãos internos, sua rotina inclui procedimentos estéticos que, imagino, são responsáveis por sua aparência de boneco inflável. Em resumo: Bryan gasta seus anos de vida tentando ganhar anos de vida.
O que mais me espanta nessa história é que tudo que ele faz tem um objetivo único: maquiar o tempo. Na tentativa de disfarçar a finitude de seu corpo, ele o condena. Seus atos são milimetricamente ditados pelos médicos. "Nunca tenho que pensar em nada. Está tudo decidido por mim. Eliminar as minhas escolhas foi o melhor que me aconteceu, uma bênção absoluta."
Não me parece que uma existência tão moldada, que não se dedica a algo maior que a si mesmo, seja exatamente uma bênção. Eliminar as escolhas da vida é roubar uma parte dela, pois estar vivo é conviver com os movimentos e as limitações do corpo, se permitir cometer erros, deslizes, sonos mal dormidos, calorias extras, rugas na face. Essa é a verdadeira juventude, tanto faz a idade.
Enalteço as pesquisas sobre o processo de envelhecimento. Não hesitaria em dar uma ré na minha estrada biológica e receber de volta o colágeno, os hormônios, a boa articulação dos joelhos e outras benesses da juventude - desde que eu não desaprendesse como assumir o presente e não tivesse que abandonar a bagagem que carrego.
Dorian Gray, na célebre obra de Oscar Wilde, tomado pelo desejo de imortalizar sua beleza, faz um pacto faustiano para que o seu retrato envelheça no seu lugar. Porém, enquanto o retrato sentia o tempo passar, sua alma se degradava em um corpo jovem. A juventude eterna virou a ruína de Dorian.
Quem me dera ter hoje o meu corpinho dos 18 anos..., mas Deus me livre!
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