Bia Braune

Jornalista e roteirista, é autora do livro "Almanaque da TV". Escreve para a Rede Globo.

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Bia Braune
Descrição de chapéu
inverno clima

Meu caso de amor com o frio, com baixarias a menos de 10°C, é incompreendido

Ter uma pedra de gelo no lugar do coração é uma delícia, e estranho mesmo é o amante de verão e pizza 'sovaquiana'

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Meu sempre tão aguardado I.,

Há tempos queria escrever uma carta como esta, explanando publicamente todo o meu amor por você. Tomando coragem e saindo de dentro do armário de casacos, assumindo as minhas bolotas de naftalina.

No cartum de Marcelo Martinez, uma menina, com roupas de inverno, recebe uma flor de um boneco de neve.
Ilustração de Marcelo Martinez para coluna de Bia Braune de 19 de junho de 2023 - Marcelo Martinez

No entanto, se comecei assim, sem ousar dizer seu nome, é porque nosso caso é incompreendido. Precisa se dar longe dos muxoxos, dos olhares de reprovação e dos textões daqueles que só reclamam, loucos para ver você pelas costas.

Gente dessa estranha laia que se levanta junto com o Sol, adora calor de meio-dia e —grau máximo de psicopatia— não se importa com pizzas "sovaquianas". Eu, não.

Sempre lhe fui fiel, I. Mesmo tendo a sensação térmica de que sua humildade é relativa. Afinal, você sabe ser "cool" e distante, como quem vem de outro hemisfério. Enquanto a Amélia aqui, muito da friorenta, nunca teve a menor vaidade, recebendo-o em casa de braços abertos e chinelo com meia.

Em acaloradas discussões, seus haters suam para tentar me convencer de como é difícil acordar cedo com você, tomar banho com você e jogar futevôlei na praia com Eri Johnson quando a data da sua chegada se avizinha.

Enquanto isso, sou toda friozinhos na barriga. Ai, que saudade das nossas baixarias a menos de 10 graus. Das loucuras que fazemos na cama, sob os lençóis —basicamente, bater queixo e usar pijama de flanela.

Pode parecer que tenho uma pedra de gelo no lugar do coração, mas não é verdade. Meu peito é um isoporzão inteiro, não monogâmico, pois sei que você possui mais amantes. Inclusive aqui, nos lendo, já de ceroulas.

Tal e qual uma Luma de Oliveira carnavalizante em junho, prometo continuar sendo sua e usar não uma coleira com nome de marido, mas um cachecol com você enfim tricotado por extenso.

Dia 21, então, espere-me no nosso lugarzinho de sempre: ao lado do aquecedor. Você traz a frente fria, eu garanto o chocolate quente. O resto a gente decide depois, comendo fondue e maratonando reportagens sobre a neve de São Joaquim. Antes que chegue a sirigaita da primavera, cortando o nosso clima.

Com coração quentinho e votos de fumacinha saindo de dentro da boca, B.

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