Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

A briga por espaço político na direita com a agenda de reformas

Em campo desorganizado, Maia e Bolsonaro disputam protagonismo pós-Previdência

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​Se é fácil identificar a esquerda como a grande derrotada na votação da reforma da Previdência, a estranha competição pela paternidade da proposta revela alguma desarrumação no outro lado do espectro político. A briga por protagonismo nesse episódio só tem alguma relevância porque a direita saiu disforme das urnas em 2018.

A criação de regras para limitar o volume de aposentadorias e benefícios pagos pelo Estado é uma pauta inequívoca do campo liberal. Aliados de Rodrigo Maia e de Jair Bolsonaro tentam tomar os louros da vitória porque entendem que podem ficar bem na fita desse lado do corredor.

 

O que está em jogo, no entanto, é menos a agenda ideológica e mais a consequência da aprovação da reforma. Nesse caso, os efeitos políticos são menos claros do que os dois personagens querem fazer crer.

Não é exagero dizer que o texto só passou pelo plenário por obra do presidente da Câmara, mas o dono das chaves do Palácio do Planalto é quem tende a colher os benefícios com mais facilidade. Embora Maia tenha autoridade para fazer propaganda de seu trabalho de articulação, Bolsonaro ficará com a fama se a economia melhorar de verdade.

O próprio presidente, porém, cedeu espaço ao abrir mão do processo de negociação. Sua oposição histórica à reforma e seu patrocínio a regras mais frouxas para a aposentadoria de policiais deram a Maia e ao centrão a chance de reivindicar, pela direita, as eventuais glórias.

A plataforma ultraconservadora ainda garante a Bolsonaro um núcleo de apoio sólido, mas seus disparates diários e a hesitação diante da agenda econômica já fizeram balançar parte de seu eleitorado. Para os políticos identificados com a direita, a reforma é um primeiro passo para conquistar terreno por ali.

Maia não será necessariamente candidato a presidente, mas tenta produzir resultados para atrair a atenção de eleitores próximos do centro. Se o plano vingar, o grupo pode mostrar que existe uma alternativa conservadora ao bolsonarismo.

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