Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Lula ainda se recusa a condenar abusos do regime de Maduro

Petista se distancia de líderes de esquerda que criticaram o ditador venezuelano

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Lula soltou um "peraí" quando lhe perguntaram se Nicolás Maduro era um democrata. Numa entrevista há duas semanas, o petista se negou a comentar os atos de repressão registrados no país vizinho. Disse apenas que o venezuelano foi eleito democraticamente e que agiu de modo democrático por não ter prendido seu principal opositor.

A hesitação indica que o ex-presidente continua amarrado às velhas alianças ideológicas da região. Lula não chama Maduro de democrata, mas se recusa a condenar os abusos do regime e a encarar o autoritarismo com o devido repúdio.

Nove anos após deixar o poder, o petista se distancia de líderes de esquerda que fizeram críticas categóricas ao governo venezuelano. O uruguaio José Mujica já declarou que ali opera uma ditadura. A chilena Michelle Bachelet liderou a produção de relatórios da ONU sobre a violação de direitos humanos na Venezuela.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao receber homenagem em Paris - Charles Platiau/Reuters

Lula se esquivou de fazer algo semelhante ao menos duas vezes na entrevista publicada pelo UOL. Quando os repórteres quiseram saber se ele considerava Maduro um democrata, o petista afirmou que o venezuelano vencera eleições, mas deixou de apontar que o regime limita a atuação de opositores no país.

Numa solidariedade cega ao chavismo, o ex-presidente fugiu pela tangente outra vez com uma crítica ao embargo comercial à Venezuela liderado pelos EUA. "Não dá para a gente fazer crítica ao Maduro e não fazer crítica ao bloqueio", disse. Ele poderia ter atacado ambos, mas preferiu ficar só com o segundo item.

A titubeação diante de uma ditadura de esquerda cobre o petista de um mofo antidemocrático. O comportamento deteriora o debate público num momento em que a oposição denuncia os avanços autoritários de Jair Bolsonaro no Brasil.

Quando ocupava o Planalto e viajava para se reunir com ditadores, Lula dizia que não se podia ter preconceito com líderes de outros países. Na Venezuela, o tempo dos prejulgamentos já passou, mas o petista ainda prefere ignorar os fatos.

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